sábado, 25 de julho de 2009

OS MENINOS QUE SONHAVAM VOAR

Albino e Delfino com o Cadete Aviador Gonzalles, nosso guia durante a feliz visita.
Albino e Delfino no NA T-6 de treinamento.












Jatos de Treinamento avançado Cessna T-37 C.
DELFINO e o Sonho de Voar.



















Vista da Torre de Controle(TWR).


















C-45, bimotor de transporte militar na época.









Garotos que SONHAVAM EM VOAR.

Aviões NA T-6 empregados na instrução militar na época.

Fins dos áureos anos 60 e inicio dos anos 70 das nossas grandes realizações. CIDADE DAS ROSAS, ATHENAS PAULISTA, CIDADE DA MUSICA, assim era conhecida a pacata cidadezinha interiorana, que outrora já havia sido sede administrativa da região de Ribeirão Preto,Araraquara e São José do Rio Preto, no estado de São Paulo. Nobres filhos saíram dali e foram reconhecidos pelos seus méritos, ocupando grandes cargos administrativos federais e politicos, como o Dr. Alfredo Buzaide que foi Ministro da Justiça, o Brigadeiro Checchia que coordenou a construção do Aeroporto Internacional de Guarulhos-SP, a escritora Cora Coralina e muitos outros que se destacaram no cenário nacional. Jaboticabal, TERRA DAS JABOTICABEIRAS deu muitos bons frutos.
Naquela epoca de glamour vivia ali um grupo de garotos estudantes de colegio público, que em incomum tinham o Sonho de Voar. Bons tempos aqueles que a meninice pura aflorava com saúdavel interesse na vida desses garotos. O tempo passa, o tempo voa, mas as lembranças ficam para sempre. Jaboticabal -SP não oferecia muitos atrativos para a garotada, pois estávamos ainda no tempo da maioria das ruas de terra, emergindo lento progresso as margens da ferrovia que cortava a cidade, entrelaçada pelas carroças, cavalos e alguns carros dos mais poderosos. Era um tempo em que as luzes da iluminação publica ainda eram ascendidas no por do sol, poste por poste pelo Sr. Benedito da Força e Luz, um contador de histórias a passos lentos mas com cadencia a cada poste que tocava com seu bastão na chave liga-desliga. Depois do merecido descanso, ao amanhecer lá estava o velho homem apagando os postes da região em que residiamos, fizesse sol ou fizesse chuva, muitas vez tomando um cafezinho na casa do meus avôs, Luigi e Maria e de outros moradores. Era um senhor de cor que todos admiravam e respeitavam pelo seu trabalho, sua conduta diante da árdua vida.
Estávamos vivendo o tempo dos cinemas de 16mm B&P e dos grandes épicos, ídolos que cresceram com a gente. Era uma amargura, mas era bom, em cada sessão havia o interrompimento para troca do rolo de filme ou quando menos se esperava a paralisação para colar a pelicula que partia, momentos em que as luzes da sala de espetáculo ascendiam e todos corriam para as filas comprar mais pipoca, amendoin, pé de moleque, paçoquinha, balas Chita ou as famosas Paulistinhas. Era uma diversão, mas todos tinham que voltar para suas casas o mais tardar até as 21:30 horas, esse era os regulamento paternalesco. Se não fossemos ao cinema ou ao circo, a outra pedida era ir ao bar do japonês na esquina da praça principal da cidade,comer entre muita prosa, sanduiche de mortandela e queijo quente com uma Tubaina ou duas, que era dividida e depois rateado o valor entre os amigos.
Os meninos que sonhavam voar sempre estavam juntos e nos finais de semana o ponto certo do encontro era o aeródromo do Aéro Clube de Jaboticabal -ACJ. Pena que nem todos conseguiram alcançar seus desejos, tal a dificuldade imposta pelo regime militar e os atreveros da vida, mas cada qual sobreviveu e acabou seguindo seu destino. Desse grupinho de amigos apaixonados por avião só dois tiveram a sorte de tirar e com muito sacrifício naquela época o almejado BREVET de Piloto Civil, ganhando asas aos seus sonhos de criança: ALBINO e DELFINO, a dupla que superou o impossível, indo longe, além da imaginação sem os medos e as imposições que a vida apresentava naquela e continuam voando até hoje alimentando os mesmos pensamentos. Tornamo-nos amigos unidos para sempre, mas o tempo acabou separando a gente. Entretanto tivemos a chance de termos tornado juntos pára-quedistas e do convívio e compartilhamento da mesma cabine de um pequeno bimotor Piper Seneca-II, o PT-REZ. Estivemos depois, novamente juntos no Curso de Formação de Pílotos Agricolas do CENEA-Min. da Agricultura e da Aeronáutica, entre tantos agradáveis, memoráveis e merecidos acontecimentos.
O Albino, comerciante nato desde moleque e o mais velho da turminha era um negociante e tanto, um mascate que começou enfrentando a vida vendendo água em saquinhos que vinham das fontes de Iacanga-SP, calças jeans, guarda-chuva, óculos rayban, cobertores, relógios, tudo importado by Galeria Pajé-SP. Ele tinha uma visão comercial muito grande. Começou como sacoleiro de casa em casa, cresceu um pouco e comprou uma velha perua DKV. A DKV não aguentou o tranco, passou para uma perua KOMBI meia boca, indo a sítios e fazendas da região fazer sua carteira de clientes. Estive com ele em muitas andanças comerciais, mas nunca levei jeito para a coisa. Cobrança muito menos ainda, tinha vergonha de cobrar alguém. Minha criação era na honestidade e no principio de nunca dar o passo maior que a perna ( hoje o termo correto seria: Não contratar P com o C dos outros). Passei a não gostar de homens sem palavras e caloteiros.
Como ele era o mais velho e mais vivido, enchergava longe e era o lider do grupo. Certo dia achou que poderíamos conhecer novos lugares nos finais de semana, ao invés de ficarmos presos nos monótonos momentos que passávamos juntos no aeródromo do ACJ. O Louriz, irmão mais velho do Albino trabalhava como motorista na antiga Garagem do Melico, que surgia na cidade com serviços extraordinários de aluguel de carros, táxi, lavagem de veículos, guarda de automóveis, estacionamento e serviços gerais e nele o Albino viu a possibilidade de irmos mais longe. Chave para nossas excursões aerodesportivas terrestres temáticas (aviação). Passou a reunir a turminha, onde uma vaquinha era feita para pagar o aluguel de um lindo carro Galaxi branco ou uma simples perua Kombi lotação e assim íamos nós visitar locais propostos pelo Albino, agenciador da turma.
Foi assim que resolvemos então visitar a tão comentada Escola de Aeronáutica de Pirassununga-SP e aproveitar para passar o resto do dia na Cachoeira de Emas, curtindo os bons momentos que a vida nos proporcionava. Meu pai nascido ali próximo, em Porto Ferreira-SP havia sido adotado e criado pela familia de um general de cavalaria do Exército de Pirassunga e eu na infância estive lá várias vezes com minha familia, nas casas dos parentes e vi muitos aviões e helicopteros Bell-47 Bolha Assassina voando por lá, mas não conhecia a Base Aérea. Era fins de 1.969, quando conseguímos agendar uma visita no "NINHO DAS ÁGUIAS", para onde nos deslocamos sem perda de tempo. Recordo-me que já éramos esperado pelo Oficil de Serviço no dia, o qual nos recebeu amigavelmente e delegou ao Cadete Aviador: Gonzalles para nos acompanhar e mostrar toda aquela unidade de Força Aérea Brasileira.
Ao abrir os portões para nossa recepção, nossos corações de garoto aceleraram e sentimos como se estivéssemos mergulhando num novo tempo. Fomos para dentro dos nossos sonhos ao invadir o paraíso daqueles que voam, mas orgulhosos da generosidade daquele oficial que liberou a janela do tempo da nossa entrada, demonstarndo carinho, respeito e humildade. Dotes também do Cadete que como nós amava voar, mostrando boa parte da sua vida e do seu mundo.
Chegamos ali ao amanhecer daquele dia inesquecível e maravilhoso e tal a ansiedade do nosso grupo saimos dali só no final da tarde, ficando o passeio pela Cachoeira de Emas só um relançe e sem muito interesse. Os momentos vividos na Base Aérea superou todas as expectativas.
Mais tarde, aquela unidade Escola da Aeronautica junto com a transferida Escola do Rio de Janeiro-RJ, em meados de 1.971 se transformou no que é hoje a AFA - Academia da Força Aérea.Transferida do Rio de Janeiro para Pirassununga em meados de 1971 e também conhecida como "Ninho das águias", é um estabelecimento de ensino de nível superior, nos quadros de aviadores, intendentes e de infantaria, que integra o sistema de formação e aperfeiçoamento do Ministério da Aeronáutica. Desde 1996 conta em seu efetivo com cadetes do sexo feminino, no curso de Intendência. Além da formação profissional militar, oferece atividades extracurriculares sob a forma de associações e clubes: vôo-a-vela, de línguas inglesa e espanhola, de estudo da história militar, de informática, de aeromodelismo e os centros de tradições mineiras, gaúchas e nordestinas.

3 comentários:

  1. Caro Delfino, foi ótimo ver estas fotos dos T-6 e do T-37C aqui em teu blog!

    Na minha infância, final dos anos 60 e início dos 70, eu, já amante da aviação, podia ver diariamente os T-37C treinando nos céus sob o lugar onde eu morava, na Usina Palmeiras, em Araras, e com minha luneta eu ficava vendo-os por horas à fio.

    Quanto aos T-6, em 16 de outubro de 1964, numa tarde de sexta-feira, a Divisão de Instrução da Força Aérea de Pirassununga, fez deslocar em vôo de formatura 24 aviões para participarem da comemoração da Semana da Asa em São Paulo. Ainda morando em Araras, eu, com pouco mais que 3 anos de idade, estava neste dia - era à tarde - no alto de um pé de jabuticaba e, de repente, um grande número de aviões vindos do lado sul da cidade, seguindo a mesma direção da rodovia Anhanguera, começarm a passar por sobre o lugar em vôos rasantes. Amedrontado em cima do pé, e sem conseguir descer dele a tempo, armei um berreiro dos diabos lá em cima. Havia um pintor trabalhando em casa, que, se condoendo de mim, subiu no pé para tirar-me de lá, onde eu me achava imobilizado pelo medo. Foi um desespero tremendo, melhor, um misto de medo e fascínio, pois com esta idade eu já amava doidamente estes belos aviões. Portanto, por ser de tarde, era nada mais nada menos que a esquadrilha, que voltava da festa em São Paulo, e que me surpreendeu em cima do pé de jaboticaba!...

    Fora um período maravilhoso da aviação e da corrida espacial que nunca mais irá voltar, e que deixou muitas saudades!

    Parabéns pelo blog e pelas históricas fotos!

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