Conheci o Cmte. LUIZ ANTONIO CARDOSO e sua esposa Bernadete, quando
vieram de Piracicaba-SP para Matão-SP. Naquela época eu residia em Matão no
antigo bairro dos Ingleses, em uma das tradicionais casas da extinta Fazenda
Cambhuy, voando um Cessna-210 L Centurion, o PT-KHF da Industria e Comercio de Frutas
Matão, que depois transformou-se em Central Citrus e anos depois acabou amargando na
falência. Eu fazia malotes da empresa com dois voos semanais com Centurion para São Paulo-SP
e outros para o Território de Rondônia, hoje Estado de Rondônia auxiliando na abertura de
uma fazenda na região de Vila de Rondônia (hoje Ji-Paraná) e Espigão do Oeste.
O Cmte. Luiz havia chegado para voar e dar instrução aos proprietários da
Bambozzi Equipamentos Elétricos, mais particularmente para o nosso querido amigo Bruninho Bambozzi,
cuja empresa havia adquirido um monomotor novinho da NEIVA, um EMB. CARIOCA. O Bruno nessa
ocasião acabou tirando todas as suas carteiras.
O Luiz era extremamente profissional, com larga experiência e tinha
como habito transmitir sem colocar panos pretos todos os seus conhecimentos.
Era um grande aviador, um verdadeiro amigo que acabou fazendo um largo circulo
de amizades. Particularmente tinha um monomotor STINSON VOYAGE-180, o PP-DLO e
como estávamos no auge das nossas vidas envolvidas com o esporte do
paraquedismo, acabou auxiliando nas horas de folga da sua escala de voo,
lançando os paraquedistas do meu clube. Foi uma época em que a BAMBOZZI do
Bruninho acabou comprando um bimotor EMB. SENECA-II novinho. O Cmte. Luiz estendeu então o
treinamento multimotor para o Bruno. Esse mesmo Cmte. Bruninho,
representante/RRABUL que havia iniciado por volta de 1979 à construção do seu
hangar, o qual após tanto tempo, está sendo construído com o maior esmero na reta final para inauguração.
Ainda daqueles tempos as boas lembranças do Toninho Lopes, empresário
fabricante de tintas, proprietário da antiga VELOZCOLOR, hoje ISOLUX , que
também era muito amigo do Cmte. Luiz e tomava instrução de voo com ele, para
melhorar a sua pilotagem nos dois Cessnas-172 que possuía. Primeiramente o
C-172 PT-AYK que havia adquirido do Aero Clube de Sorocaba-SP e depois o C-172
PT-BAA.
Assim o Toninho também teve participação na vida ativa do Luiz, onde ambas as
famílias eram unidas e muitas vezes voavam juntas. Sempre nessas viagens o Luiz
assumia o comando para transportar 5 a 6 pessoas num só voo no lendário Cessna-172 do
Toninho. Muitas vezes voavam para
Itápolis-SP/SDIO todos juntos (mulheres e as crianças pequenas). A técnica do Cmte. Luiz era
voar com pouca gasolina. Praticamente o suficiente para a ida, com pequeno
abastecimento para o regresso compensando o peso da carga.
Por outro lado, quantas e quantas vezes, após lançar os
paraquedistas com seu STINSON PP-DLO, o qual conhecia melhor que a palma da sua
própria mão, desligava o motor e planava até o pouso seguro na pista sem o
motor. Num desses vôos estava com ele. Sobre a pista do aeródromo Fittipaldi, me avisou que desligaria o motor para pousar sem o auxilio do mesmo. Era
muito ousado. Cheguei a sentir medo, mas não demonstrei. Confiava muito na sua pilotagem e na sua longa experiência que possuia.
Sempre contava para nós do único acidente que teve, quando a fiação de
um antigo radio VHF ainda a válvulas do Cessna-172 que pilotava colocou fogo no
avião num voo sobre a serra do mar, tendo que fazer um pouso forçado sobre as
arvores. Ali ficou perdido dois dias, levemente ferido até que foi encontrado e
resgatado. Essa história era muito emocionante e nós jovens no inicio de
carreira temíamos por uma situação dessas. Acho que por isso não gosto muito de
voar sobre aquela serra, a qual profissionalmente anos depois acabei
sobrevoando inúmeras vezes e aonde acabei perdendo meu padrinho de casamento, o Cmte. Marzio Munhoz com seu EMB. CARIOCA, o PT-NDB.
Recordo-me dos grandes voos que fizemos juntos no seu STINSON e das
áreas de saltos em que estivemos também.
Saltei com meus amigos dezenas de vezes do PP-DLO garbosamente pilotado pelo
Luiz, amante dessa nossa aviação sem complicação e sem mistérios. Por ocasião
da inauguração da Penitenciaria de Araraquara-SP tivemos o prazer de saltar no
seu recinto, pousando no campo de futebol interno. Saltos também aconteceram no
Pinheirinho e no Paliteiro em Araraquara-SP. Quando não tínhamos NOTAN para
saltos na ZL- Zona de Lançamentos do nosso Clube de Paraquedismo em Araraquara-SP íamos de mala e cuia com o
STINSON PP-DLO saltar no aeródromo Fazenda Fittipaldi Citrus/SDFF do Emerson & Wilsinho Fittipaldi a 15 KM WSW, onde fizemos grandes festa. A esposa do Luiz, Bernadete
mandava sempre comida pronta para todos que estavam na companhia dele. Bons
tempos, velhos tempos que não voltam mais.
Passado algum tempo, o Luiz vendeu o PP-DLO e acabou comprando uma
aeronave Cessna-170, o PT-AMA, o qual no passado, no inicio da minha aviação
com o sócio também piloto Albino Panosso Filho, foi a nossa primeira aeronave
própria. O PT-AMA estava reformado e muito bonito. Com ele, além de fazer os
lançamentos de paraquedistas que o Luiz gostava muito, puxava faixa de
propaganda aérea e também fazia além de voos panorâmicos serviços de
fotografias aéreas. Nesse ínterim a TAM abriu vagas para Comandantes de
FOKKER-50 turbo- hélice e o Luiz foi um dos eleitos, tendo deixado Matão e a
Bambozzi, transferindo sua residência para São José do Rio Preto-SP, aonde
assumiu a Base da TAM, fazendo malotes com a aeronave FOKKER-50.
Anos depois, foi lá em Rio Preto que o Cmte. Luiz acabou perdendo a
vida num trágico acidente com a sua aeronave Cessna-170, o PT-AMA no meio da
cidade, após uma pane de decolagem com repórteres/fotografo da Rede de
Televisão local. Como são as coisas do destino, para nós (Albino & Delfino)
essa aeronave só trouxe felicidade e alavancou nossas vidas financeiramente e
profissionalmente. Da qual guardamos as melhores recordações, pois com ela
fomos pioneiros no inicio dos anos 70 nos voos panorâmicos que realizávamos
semanalmente nos antigos Campos de Aviação, por praticamente todo Estado de São
Paulo. Campos e pistas que não existem mais, mas tivemos o privilegio de sermos
os pioneiros aventureiros do ar. Com ele também lançávamos paraquedistas.
Assim perdemos um grande amigo, um verdadeiro companheiro de todas as
horas, que deixou muita saudade e bons ensinamentos não só para o Cmte.
Bruninho Bambozzi, mas para todos que tiveram a oportunidade de estar ao lado dele.
Aqui ficam as fotos em recordação e pelo merecimento do tempo que esteve
conosco.
Grandes aviadores passaram por Matão, numa época em que o avião era o
meio de transporte para as fazendas que se abriam e as pequenas grandes
empresas estendiam suas operações. Entre alguns: o Cmte. Jair na BALDAN,
o Cmte. Cesar da MARKEZAN ( em memória), Suatto, Galego, Zé Lopes, Luiz
Português e muitos outros.
Por isso escrevo e escreverei
sempre que possível, para relembrar momentos passados e vividos que não voltam
jamais, fazendo com o tempo uma constante.