Eu e a Ponte....

A porta do tempo não fecha. Momentos inesquecíveis também não se apagam. Tudo tem seu momento na vida e o que acontece , pode ser insignificante para alguns e muitas vezes se torna tão importante para outros. Entre as lindas imagens da paisagem aérea que se passa pela minha vida, a Ponte que existe entre eu nos meus voos para o Mato Grosso do Sul na região de Paranaiba-MS é algo de grande valor sentimental. Afinal tive a oportunidade de durante longos anos acompanhar sua construção passo a passo, desde os primeiros mergulhos no rio Paranaiba até a conclusão dessa gigantesca obra e sua inauguração. Os menos despercebidos cruzam com seus veículos aquele monumento gigante que abraça o rio garbosamente sem sequer perceber o valor histórico daquela construção épica. Sem mesmo imaginarem quanto trabalho foi ali empreendido e quanto vale esse tesouro para o progresso.
Sobrevoei com certeza centenas de vezes essa ponte que vive na minha imaginação e como não podia de ser, no ultimo voo realizado em 04.11.2010 para a região de Paranaíba no Mato Grosso do Sul (MS) aproveitei mais uma vez para mostrar aos meus passageiros a beleza dessa construção, realizando como sempre voos panorâmicos sobre a Ponte do Porto Alencastro, antes de pousar na fazenda. Adoro fazer uma longa final para pouso na cabeceira 11 de SNEW, justamente por que passando pela ponte posso dar um tchau realizando pouso na 11. Quando no fim do dia a Ponte vai dormir, um por do sol retratado no cair da tarde transmite uma paz interior muito grande. Tive a oportunidade de estar ali em vários crepúsculos. Quando o sol vai se pondo no horizonte para o lado do Mato Grosso do Sul é coisa realmente fantástica e o amanhecer da Ponte desperta ainda mais esperanças de um novo dia. É algo realmente maravilho poder estar ali na divisa do fuso horário. Se você vai para o lado do MS a hora no seu relógio deve ser diminuída em uma hora. Assim você pode, por exemplo, estar em MG as 17:00 hs e em simples piscar de olhos do outro lado da Ponte, instantes depois, estar no MS as 16:00.
O Porto Alencastro, uma das portas de entrada para o Mato Grosso do Sul a caminho do Pantanal Sul, onde tudo acontece, tornou-se viável primando pela excelência nos transportes que antes eram realizados nessa travessia por balsas, acelerando o progresso.

VIVER A VIDA COMO ELA É................

Só rindo mesmo.... O tempo passou, os amigos de farra são os mesmos, mas a saudades das brincadeiras ficam nas boas lembranças. Vejam só o que aconteceu num Happy Hours em uma Loja de conveniência em um Posto de Gasolina de algum lugar do passado, quando os amigos se encontraram para uma cervejinha "MALTA". Isso já faz alguns anos, mas os amigos continuam cada vez mais se divertindo e vivendo a vida como ela é. Afinal, nessa vida temos a felicidade de poder escolher como viver. Alegres ou sisudos, extrovertidos ou fechados, quietos ou brincalhões. Por isso escolhemos os caminhos da alegria, do divertimento, das brincadeiras sadias, sorrindo, vivendo e revivendo momentos. Quando conseguimos fazer outras pessoas felizes, certamente estaremos também realizando a nossa felicidade. E assim vamos atuando no Palco da Vida sorrindo sempre, dando gargalhas sem ressentimentos, cheios de felicidade e muita alegria.
Que essa vida boa nos traga de volta o mais breve possivel os bons momentos vividos com o Cmte. Gardenal Legitimo e o Captain. Osmar PAN e outros em algum lugar desse paraiso que é a VIVER A VIDA COMO ELA É.

VOAR, VOAR,VOAR...........

Voar, voar, voar...
O homem desde os primórdios sempre pensou em voar como os pássaros e assim os grandes gênios da aviação surgiram. Alguns até perderam suas vidas nas tentativas malucas de sair do chão, por falta de conhecimento. Outros até, mais sortudos conseguiram alçar vôo por alguns metros ou vencer certos trajetos lançando-se de morros e penhascos em geringonças construídas experimentalmente. E assim caminhou a humanidade, rumo ao que é hoje essa tecnologia tão avançada que é a aviação dos nossos dias.
Hoje querer voar é uma possibilidade como muitas, pela informação e facilidades que temos, graças ao conhecimento e a experiência adquirida com os nossos antepassados heróis.
Ser piloto hoje é uma questão de querer e querer é poder. Certo que muitos já nasceram com essa vocação, mas outros tantos também desejam ser por achar bonito, gratificante e muito rendoso. Então o negocio é arregaçar as mangas e correr atrás do sonho de voar e aí está as facilidades do mundo moderno, a Internet de fácil acesso por qualquer interessado. Se não bastasse temos a introdução na aviação para obtenção do primeiro Brevet de Piloto Privado (PP) à distância, como muitos outros cursos, pela Internet e aceito pela ANAC – Agência Nacional de Aviação, entidade reguladora do sistema de aviação. Eu tive que deixar minha Terra Natal/Jaboticabal-SP no inicio dos anos 70, atravessando o Rio Tietê de Balsa para ganhar o campo de aviação de Marília-SP, onde com muito sacrifício, dedicação, muita ajuda e até mesmo falta de dinheiro, consegui obter o meu Brevet de PP. O inesquecível jornalista e piloto, colunista de muitas Revistas de Aviação, Armando Nogueira (1927-2010) não estava sem horizonte, nasceu na pequena Xapuri no Acre e hoje só Deus sabe como ele chegou ao Rio de Janeiro-RJ em setembro de 1.944, perseguindo seu sonho de ser aviador, onde acabou tornando-se um Jornalista de primeira categoria, criador de muitos jornais e aerodesportivamente piloto amador. Interessante que ele sempre dizia: “Voar de ultraleve não é um acaso na minha vida. É o destino. Troco dois pés em bom estado de conservação por um par de asas bem voadas, mas tenho a alma, a palma e o coração de jornalista”. Basta você acessar o site da ANAC, procurar uma entidade de ensino aeronáutico reconhecido e ganhar as primeiras penas na sua asa, a Asa da Liberdade.
Acompanhei muito as colunas do querido Cmte. Armando e senti muito quando ele partiu para o vôo eterno, para o céu onde ele sempre voou, respeitou e tinha a maior das paixões da sua vida.
SONHO DE VOAR..........Se você tem esse sonho, vá, siga em frente e encontre o seu caminho para esse céu maravilhoso que te espera de braços abertos. Assim sendo, aproveito para anexar aqui uma pequena reportagem sobre essa possibilidade, publicada na Revista Veja/SP de 05.11.2003. Acredito que as informações prestadas nesse artigo não ultrapassam hoje e casa de 10% a mais nos preços informados para a formação de um piloto amador/PP. Vá amigo. Algum par de assas está te esperando em algum lugar. Utilize-as da melhor forma possível, com o mesmo respeito que o Cmte. Armando sempre usou.

Amigo, por que você foi decolar....

Amigo, por que você foi decolar? Ontem (05.06.2010) a meteorologia prometia tempo ruim para a nossa área. Uma nova frente fria se deslocava com velocidade de 65 a 70 km/hora desde o Leste para o Oeste. Já eram cerca de 17h00min horas da tarde, e o mau tempo tinha atingido Presidente Prudente-SP e Araçatuba-SP e vinha ao nosso encontro. Estava com a aeronave da empresa em uma fazenda na região de Avaré-SP. Atrasamos a decolagem. O prenuncio do mal tempo chegou rápido com fortes ventos e muita chuva, inchando o céu com as temerosas nuvens Cúmulos Nimbos (CB) cheio de atividades elétricas, muitos raios e fortes ventos despejando medo e aflição aos menos experientes. Os CBs no céu são temidos por todos os pilotos, como os Tubarões no mar é para os marujos.Sofremos cerca de 60 minutos no solo com a cauda da aeronave virada para os fortes ventos de superfície, enquanto a tempestade passava. Por força do destino chegamos ao avião que não estava estaqueado minutos antes do vento e da fria chuva que veio com tremenda e assustadora ventania. Sorte nossa que chegou pela cauda da aeronave. Se tivesse chegado pela frente certamente teria feito alçar vôo o nosso Cessna-206 H Stationair e pelo impacto no solo desgovernado certamente teria destruído a aeronave. Agüentamos firme a força raivosa da natureza e para dizer a verdade senti medo estando dentro da aeronave, olhando para a biruta à frente medindo a intensidade da coisa, numa tragédia quase iminente. Foi horrível a força do vento e a chuva emanada da tempestade com raios e trovões, mas que acabou passando por nós uns 55 minutos depois de ter chegado tão rápido. Aguardamos mais um pouco para que o céu volta-se a clarear, principalmente para o lado da nossa navegação de retorno para o lar, Araraquara-sp/SBAQ, onde mantinha contato telefônico desde os momentos que antecederam a tempestade com o operador da RADIO ARARAQUARA/SBAQ (VHF,131.60 Mhz), o qual acompanhava o deslocamento da frente pelo computador. Finalmente, as condições melhoraram e acabamos decolando nos minutos que antecediam o por do sol. Como a frente estava deslocando-se com ventos de 65 Km/hora segundo o radar da IPEMET de Bauru-SP de oeste para leste pegamos vento forte da cauda que aumentou a velocidade aerodinâmica da aeronave e diminuiu o tempo estimado de vôo. Acabamos chegando quase junto com a tempestade em Araraquara-SP. Um jato particular vindo do RJ/Rio de Janeiro-SP pousou direto na pista 35 na minha frente e eu sem perda de tempo pousei direto na 17, já que a frente estava chegando pelo prenuncio dos fortes ventos sentido na aeronave e pela visualização em tempo integral no STORMSCOP do painel. Outro avião, um Cessna CARAVAN-208 da linha que faz diretamente o serviço de malotes bancários e correspondências também estava chegando apreensivo, vindo de encontro à frente já bem próxima do aeroporto SBAQ. Mal foi guardado no hangar na correria o Jato Cessna Citation Sovereing e o nosso Cessna-206 Stationair, a pauleira quebrou e os fortes ventos da destruição terrestre chegaram e chegaram junto com o CARAVAN-208, cujo piloto já estava minutos antes, apreensivo com o mau tempo, mas que também acabou pousando. Estávamos saindo do aeroporto de carro sentindo os respingos grossos da chuva fria de CB que estava chegando e os fortes ventos da tempestade que estava proxima, quando observamos que o CARAVAN-208 iniciou decolagem na pista 17 para o lado de São Paulo-SP seu destino, onde o céu ainda estava claro e sem chuva. Senti um arrepio ao ver a aeronave imprimir velocidade e iniciando a precipitada decolagem e pensei comigo, que loucura, mas desejei boa sorte a tripulação ousada daquele avião. Sei que eles voam bem, são verdadeiros e arrojados profissionais, pilotos de táxis-aéreos nas condições mais adversas de dia e de noite. A alguns anos acompanho as atividades deles ali no aeroporto, nossa base operacional, porém a força da natureza cruel naquele momento estava raivosa e tinha que ser respeitada.
Meu ângulo de visão com a pista após o deslocamento de carro para minha residência, fez com que perdesse a visão do resto da decolagem rumo sul.
De repente em instantes a cidade virou um caos com a chuva e os fortes ventos que iam causando destruição em postes eletricos, placas, telhados desprotegido e arvores arrancando folhas e galhos e destruindo as mais frágeis. Pensei comigo: que situação, será que conseguiram decolar, mas de qualquer forma desejei bom vôo a eles. Bastava aguardar alguns minutos que esse tipo de tempo apesar de destruidor não é eterno e pela sua velocidade passa rápido e sentiriam menos medo e apuros. Graças a Deus, hoje eu já não tenho mais a obrigação do horário a cumprir. A minha experiência de longos 38 anos voando quase que diariamente, me deu maturidade para avaliar certas situações e proceder da forma que desejar em beneficio da minha segurança e dos meus passageiros, cancelando ou adiando uma operação ou mesmo fazendo um pernoite não planejado e muitas vezes indesejado, em algum lugar.
No sábado (06OUT2010) voltei ao aeroporto de SBAQ/Araraquara-SP para comprar gasolina da aviação(AVGAS) para o avião de um amigo de Jaboticabal-SP no posto de abastecimento, quando vi intenso movimento pela pista de carros, com a presença do pessoal do Sistema de Investigação de Acidentes Aeronáuticos da ANAC no conhecido carro Fiat Doblô azul marinho escuro, cor de céu escuro não muito bom. A decolagem mal sucedida do CARAVAN havia virado noticia de jornal e TV. Os periódicos estampavam no sábado/06-NOV-2010 entre muitas noticias essa:
Um vento forte, de até 60 km/h, provocou o pouso forçado de um avião Cessna Caravan-208 logo após a decolagem na pista do aeroporto Bartolomeu de Gusmão, em Araraquara, interior de São Paulo. O avião perdeu a estabilidade e caiu no final da pista, mas os dois ocupantes não ficaram feridos. O Cessna Caravan saiu de Franca-SP, fez uma entrega em Araraquara-SP e seguiria para Jundiaí-SP. A perícia está no local para verificar as causas do acidente. O aeroporto permanece fechado para pousos e decolagens. Fonte: O Gl...
O céu é cheio de mistérios e devemos estar atentos sempre. A meteorologia não perdoa erros, principalmente os mais primários dos erros.