Meus
anos 60 e boa parte dos anos 70 passei dias lindos e maravilhosos mergulhado no
fantástico mundo da aviação proporcionado pelo extinto ACJ – Aéro Clube de
Jaboticabal (SP) no Campo de Aviação, por nós meninos chamado assim naquela
época. Ali com meus 14, 15 e 16 anos arrisquei os primeiros voos com aeromodelo,
construído com madeira leve de caixas de maçã. Conheci os garotos da minha
época, os quais ficaram meus amigos pelo resto da vida. Como eles, parti um dia
perseguindo meu ideal, voltei algumas vezes e parti de novo no mundo da aviação
e assim é a vida, as lembranças, as doces recordações vão ficando.
Quando
se tem vocação e você faz realmente o que gosta tudo se encaixa, tudo dá certo.
Antigamente para se formar um PP-Piloto Privado gastavam-se muitas vezes dois
anos. As coisas eram difíceis e a instrução era ministrada por velhos
aviadores com muita experiência de vida e de voo em pequenos aviões sem muito recurso. Dizia-se que o piloto acabava ficando bom de pé e mão. Havia muitos aviões pequenos chegando para voar, nessa febre, uma verdadeira corrida, as fazendas estavam sendo abertas por esse Brasil todo e o avião era
a ferramenta fundamental nesse contexto. Você deixava a sua Escola,feita no Aéro
Clube e algum avião já estava te esperando, para fazer horas de voo, ganhar
experiência e ir em frente. Naquela época do regime militar e do extinto DAC-
Departamento de Aviação Civil ligado ao Ministério da Aeronáutica, as coisas
não eram fáceis, mas aconteciam normalmente.
São momentos que não voltam mais, apenas ficaram nas lembranças e nas fotografias que
fiz naqueles áureos dias de sonhos. O pouco dinheiro que tinha gastei com
as maquinas fotográficas, filmes e revelações. Troquei certos passeios por
algumas horas agradáveis junto aos aviadores e os aviões, escutando histórias que jamais esqueci e me serviram de aprendizado,
compartilhado das aventuras daqueles pilotos aventureiros em pleno regime
militar. A aviação estava engatinhando é nós voávamos pau e bola, arco e flecha como diziam os antigos. Nosso GPS era a nossa companheira BUSSOLA na regra de três: Tempo, velocidade, distancia e vento.
Agradeço
a Deus por ter nascido na promissora “CIDADE DAS ROSAS”, onde tudo foi possível
graças às facilidades que ela proporcionava naquela época áurea da aviação que ali existia sem mistérios. Os homens daquela época também voavam por amor e sabiam transmitir seus conhecimentos aos mais jovens e ousados, sem fazer pano preto.
Aprendi a voar, passaram-se
40 anos(1972-2012), só fiz isso: Voar, voar, voar e sou feliz assim. Aqui registrado está um pouco da
minha história fotográfica.
O avião era e é parte da
minha vida até hoje. Isso vem da vocação desde pequenino. Nasceu comigo e lutei por
isso, não por interesse, mas sim por amor, dedicação, carinho e realização
pessoal, lutando contra todos os obstáculos e contra os imprevistos. Aqui está parte das fotos que resgatei na certeza de que um dia teriam
muito valor para mim e para os meus amigos.
Sonhei
deitado na grama, apreciando os aviões que descortinavam garbosamente pelo azul
do céu da minha querida Jaboticabal-SP, sentindo o cheiro da gasolina de 80 octanas que vinham em latas e
depois as de 100 octanas em tambores, coada no velho chapéu de camurça para
separar a água e as impurezas, protegendo nossos motores, garantindo nossas vidas.
Quanta coisa linda
aconteceu naquele Campo de Aviação. Bons tempos, Velhos tempos...que não voltam
mais..
Viver os Sonhos mais lindos faz parte da vida de todos. ACJ, quem te viu e quem te vê hoje...mas as esperanças de um dia melhor aí estão por chegar..A cidade merecer resgatar tudo isso e o povo muito mais.