quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O CAÇADOR DE GATO PRETO...

Esse negocio do Machadinho caçar gato na madrugada não está muito bem contado.  Acho que o HOMEM ÁGUIA pensa que pode voar baixo. É um verdadeiro Ícaro quando está voando na sua motocicleta vestido a La Força Aérea, mas nas suas empreitadas noturnas após um belo jantar em que faltou uma pizza não deu muito certo.  O TOP GUN saiu sorrateiramente, após os convidados terem ido embora dormir, pois o próprio jantar que ofereceu para os amigos não lhe agradou muito. 
Ele tem um habito muito feio. Mesmo depois de sair de um churrasco ou um jantar, até mesmo dos seus,  tem que ir comer como desculpa um pedaço de pizza, tomar mais uma gelada.
Tinha tudo para dar certo e acabar bem aquela noitada, mas não foi assim que acabou.
Durante o dia mostrou aos convidados com muito carinho, dando uma aula de conhecimento fora do comum a sua coleção de aviões, com os quais sonha ou sonhou um dia pilota-los. Disparou na sua moto num passeio  pela City tendo se divertido bastante, enquanto seus convidados ficaram na sua residência tomando umas e preparando o tão esperado jantar.
Comemos naquela noite muita Brachola, Arroz com Açafrão, tomamos muitíssimas cervas geladíssimas de trincar e saímos realizados para o novo dia. Ainda por cima teve um espetacular macarrão a La Chef Nivaldo. Se não bastasse o TOP GUN foi solitariamente, pelo o que diz  a uma pizzaria a poucos quarteirões da sua casa.
 Ao voltar após mais uma meia dúzia de Skol, encontrou um gato preto em cima do seu carro. Ficou furioso de raiva, deu um susto no bitelo e o gato disparou pela rua e ele atrás, pega num pega em que acabou pilonando num tropeço, saindo rasante com latinha e tudo. Após a colisão com o solo ficou no prejuízo  todo ensanguentado e o gato sumiu. Essa é a estória que ele contou para todos no outro dia, mas tem quem duvida que ele estivesse mesmo atrás de alguma gata, pelo tamanho do estrago.
 É proibido rir da situação do HOMEM ÁGUIA  após o acidente.  O "TOP GUN DO ASFALTO"se esborrachou. Ficou com lesões pelo rosto e pelas cambitas do seu trem de pouso e esta todo dolorido e inchado tomando um remedinho caseiro chamado GOTAS DA ESPERANÇA. Esperança que alguém acredite no que diz. Vamos tentar...
O "HOMINHO SEM QUALIDADE NENHUMA" como gosta de ser chamado, transgrediu seus limites, tentando ultrapassar a Barreira do Som no encalço do Gatuno. Uma situação dramática e um tanto engraçada.
Sua amada, a Dona Dina estava quase dormindo quando escutou o estardalhaço. Ouviu uma voz rouca  sucumbindo pedindo ajuda.  Ao sair para ver o que estava acontecendo  diante de si estava uma cena teatral. O ambiente contagiante era o palco. De um lado o “TOP GUN DO ASFALTO” caído tentava gritar SOCORRO, SOCORRO. Do outro lado, no meio do quarteirão o “GATO PRETO” assustado olhava e tentava dizer alguma coisa com seu MIAU, MIAU...

Como era de se esperar veio o arrependimento pela omissão de não ter ido com ele comer um pedaço daquela bendita pizza. Mas àquela altura o pensamento estava voltado em salvar seu Bem Amado. Afinal juntos fazem a vida valer a pena e acho que ela não deixa ele mentir sozinho....Rsssssssssss...

Depois dessa, estamos até pensando em destituir os títulos que ele tem de "TOP GUN do ASFALTO", "ICARO", "HOMEM ÁGUIA"e dar-lhe um merecido novo titulo: " O CAI CAI"

domingo, 18 de novembro de 2012

DIAS FELIZES QUE NÃO VOLTAM MAIS....O Tempo e as Fotografias daquele tempo.......Parte 1


Cada qual teve uma infância, uma meninice e uma juventude. As famílias eram unidas. Havia muitas dificuldades, mas ao mesmo tempo, muita amizade, muito amor. Acredito que todos tiveram de uma ou de outra maneira bons momentos dessa época, que merecem serem recordados. Pena que alguns protagonistas dessas lindas histórias não mais estejam entre nós, mas as doces e memoráveis lembranças daqueles áureos tempos ficaram para sempre em nossas memórias. O tempo voou muito rápido, cada um cumpriu o seu papel nessa vida, mas os anos que foram chegando de mansinho acabaram levando-os. Assim é a vida. Dura realidade do tempo, cujo amadurecimento leva ao envelhecimento. Esquecimento jamais. Devem ser relembrados sempre, pois se não tivesse existido o passado, não haveria o presente. Outro aspecto impar é resgatar parte disso tudo, quando isso faz bem para nós.
Boas lembranças, bons momentos. Assim foi minha vida praticamente vivida na inesquecível “CIDADE DAS ROSAS”, Jaboticabal-SP dos meus sonhos, das minhas memoráveis recordações, onde um dia ainda espero retornar para viver ao lado dos meus verdadeiros amigos, os quais tem a felicidade de continuar ali vivendo.
Naquela época, anos 60, anualmente nos fins de ano nossas famílias se uniam para comemorar as saudades. Italianos por parte de mãe e portugueses por parte de pai se juntavam entre falatórios altos, discussões, abraços e muita comilança. Adorava esses momentos, pois podia rever e brincar com a primaiada. Parentes vinham da Capital São Paulo-SP e já era costume naquela época os pic-nic familiares. A reunião familiar acontecia geralmente na Fazenda do Primo Mialichi, localizada na saída da cidade pela rodovia Carlos Tonani com acesso para Barrinha-SP/R.Preto-SP, onde passávamos também boa parte das nossas férias e onde íamos  muitos finais de semana. O Primo Mialichi e Dona Sebastiana eram pais da Ermínia, além de serem Padrinhos de batizado da minha irmã Bete. Sempre consideramos a Ermínia como uma prima, mas não era, porém gostávamos muito dela. A vida é incrivelmente cheia de surpresas. Quando venderam a Fazenda e vieram morar na cidade, acabaram residindo em frente nossa casa na Rua Juca Quito, o que acabou estreitando ainda mais os nossos laços de amizade.
Férias de julho, praia, Santos e Guarujá na Pensão do alemão parente dos nossos vizinhos, Sr. ECKES. As grandes quermesses da igrejinha do Canadá entre outros passeios e as musicas inocentes daquela época no coreto, os almoços de domingo com a família reunida foram bons momentos que guardo nas minhas lembranças. Tudo isso vem a minha mente quando alguém fala de Jaboticabal-SP.
Minha querida mãe italianíssima ria muito dos portugueses quando vinham para o interior passar as festas conosco. Eles eram mais práticos e acho que até mais inteligentes que nós. Não gostavam muito de cozinhar, mas antes de deixar a capital de trem ou de ônibus, passavam pelo Mercadão e traziam verdadeiros queijos, bons vinhos, azeitonas, presuntos de Parma, salames e outras especiarias. Nunca vinham de mão abanando e participavam com muita alegria dos pic- nic. Eram criativos e muito divertidos, apesar de outras origens  deixaram muita saudade.
Alguns dos meus amigos acham bobagem relembrar o passado, mas contrario ao que eles pensam eu adoro recordar os bons momentos da minha vida, da minha família e dos meus amigos. Acho pecado jogarem fora as antigas fotos P&B da família. Afinal, todas as famílias escreveram uma historia cujo legado não pode ser destruído. Essas preciosidades do lar registradas deveriam ser divulgadas de uma forma ou de outra. É a essência da historia que não pode ser destruída, um tesouro que não pode ser jogado fora. Certamente toda casa tem um velho baú onde ficam muitas vezes esquecidas essas preciosidades. Afinal, o tempo passa, mas a imagem retratada fica em uma serie de quadros pelos quais circulam a essência real da história. Sem a fotografia como elemento não haveria história e seria difícil penetrar nesses ambientes e ver como eram as coisas. Possivelmente só a imaginação seria uma banalidade na esperança de adivinhar o passado pelos vestígios. As fotos retratam para nós atentos observadores essas existências autenticas e devem ser preservadas. Não é casual, portanto, que muitos escritores se inspiraram nas antigas fotos de um passado marcante produzindo verdadeiras crônicas, contos ou mesmo grandes livros.
Há alguns meses faleceram os últimos primos da minha mãe, o Alberto Rossi e a Zilá. Não tinham herdeiros e tudo foi distribuído entre três pessoas. Uma das beneficiadas foi uma das minhas irmãs. Antes de eles falecerem fiz um pedido. Gostaria de ficar com os álbuns de fotografias que preservaram com carinho e capricho por longos anos, registrando os grandes momentos da vida do eterno apaixonado casal, já que seria certamente jogado fora, pois ninguém tinha interesse naquilo. Para mim o valor incalculável desse álbum era maior que os bens que deixaram e eu acho que ganhei um Tesouro. Estou preservando a historia e assim que tiver algum tempo vou escrever e retratar aquelas belíssimas, preciosas e históricas fotografias.
Por si só os almoços de domingo eram memoráveis. As famílias italianas mantinham suas origens em preparar a comida, fazendo verdadeiras estripulias na cozinha com farinha por todos os lados, criando preciosas guloseimas. Não faltavam as massas, o próprio macarrão, o nhoque, as porpetas de carne, as bracholas, o capeleti, os antepastos, as bruschettas, os queijos, os fettuccines e seus irmãos: tagliarini, cappelletti, rigatone, lasanha da mama, pizza, ravioli, rondelli, risoto, verdadeiras saladas, ou simplesmente um arroz à toscana ou um tagliarini à carbonara ou uma polenta, etc...Não faltava um bom vinho tinto para os mais velhos e para nós crianças as gasosas e os refrescos coloridos.











Os domingos eram sagrados. Antes do almoço tínhamos que ir a missa, mas a recompensa pela comida que nos esperava valia a pena. Hoje não existe mais nada disso. Só o saudosismo e as doces lembranças. Acho que a vida agitada faz com que as pessoas não tenham mais tempo. As famílias não mais se reúnem domingueiramente. Aquela alegria contagiante demonstrada em vozeirão com a troca de experiências na culinária perdeu o sentido, pois graças à evolução e a tecnologia temos tudo pronto, basta ter dinheiro. E por falar em dinheiro, veio-me a mente o que os meus antepassados italianos conseguiram me passar de bom.
Aprendi com eles que o dinheiro se ganha e se perde e se ganha de novo, mas a honra e a ética quando se perde não se ganha nunca mais.  Esse mesmo ensinamento tento passar para os meus filhos adolescentes cabeça dura, pois se foi bom para mim, certamente será para eles. 
                                              Mês passado, sofri um pequeno acidente domestico por imprudência, danificando parcialmente o trem de pouso esquerdo com um traumatismo e acabei ficando de molho em casa, resguardando e esperando a lenta recuperação. Assim aproveitei para revivar o meu velho baú de fotografias e escrever esse texto.
Consegui caçar no fundo do Baú da História, as fotos daquele tempo feitas na fazenda que servem para ilustrar e iluminar a memória. Italianos e Portugueses juntos, muita festa, muita confraternização, muita alegria... Momentos que se foram suavemente e não voltam mais...Valeu a pena ter nascido nesse lar, nesse Jardim florido chamado “Cidade das Rosas” para onde um dia ainda pretendo voltar... Andei bastante nesses 40 anos de aviação, mas acho que ali é meu lugar... Amigos me aguardem!
O PIC-NIC foi bom, mas a volta é que foi tão triste....