No embalo dessa
quinta-feira à noite, 04.07.2019, quando devia estar falando do aniversário de
37 anos de fundação histórica da nossa EQUIPE CIVIL DE PÁRA-QUEDISTAS “OS
MEDIEVAIS”, enquanto a chuva mansa cai lá fora, com prenuncio da entrada de uma
frente fria, vem em mente alguma coisa e aproveito para recordar uma visita inesquecível
ao CPL. A convite dos irmãos STEIN,
pára-quedistas e fundadores do CPL- Clube de Pára-quedismo de Limeira-SP, no
dia 13 de setembro de 1970 estive visitando a entidade em uma das suas
atividades de saltos, realizada na ZL – Zona de Lançamento existente no
aeródromo municipal de Limeira-SP. Fui de ônibus, saindo da minha Terra
Natal Jaboticabal-SP, dos meus Sonhos e das minhas grandes realizações
aeronáuticas.
Foi
um fim de semana fantástico no convívio com os pára-quedistas de lá que estavam
em plena atividade. Futuramente, os irmãos STEIN do CPL acabaram nos emprestando pára-quedas RESERVA, pois não tínhamos por ocasião da reabertura do CPJ em 03 de maio de 1971. Havia
sobrado do CPJ- Clube de
Pára-quedismo de Jaboticabal-SP apenas alguns pára-quedas PRINCIPAIS e sem o
ventral de RESERVA, os saltos não seriam possíveis. Tivemos muita sorte em encontrar
grandes amigos que nos deram a mão para reativação do CPJ.
Se não me falha a memória os irmãos STEIN, chamavam: JOSÉ ANTONIO e CARLOS ALBERTO.
Por ocasião da minha visita ao CPL, fiz grandes
amizades. Inclusive com o pára-quedista e piloto lançador de pára-quedistas Rui
Pereira que estava realizando os lançamentos com um Paulistinha na ocasião, para
ajudar o Cessna que também executava os lançamentos naquele dia. Quem voava o Cessna-170 A PT-AFU naquela ocasião, com o qual acabei fazendo depois em 1971 o meu primeiro salto em Piracicaba-SP, era o Cmte Belo, de Piracicaba-SP.
Voltei
a encontrar o Rui posteriormente em Marília-SP, quando realizava na escola de
Aviação Civil do Aéro Clube local meu curso pratico de voo, para obtenção da
licença de PP- Piloto Privado.
Assim
que o Rui Pereira me descobriu lá em Marília nossos laços de amizades
aumentaram, principalmente por termos sido pára-quedistas, que naquela época era uma família muito
unida. Em Marília ele morava na Rua Nelson Spilman, perto da Igreja e eu em um Pensionato para estudantes, na Rua Gel. Galdino de Almeida, em frente a funerária Bom Jesus. Lá ele voava executivo como também seu irmão Rubinho, que
depois acabou falecendo durante uma cirurgia.
O Rui assim que tirei o PP, me levou para voar
com ele para me ensinar voar pelo ADF e fazer fonia. Ele voava duas aeronaves
de um grupo se não me engano de Manaus-AM. Era um Cessna-207, o PT-BKE e um Baron 55, o PT-BRL. Imaginem um garoto
Manicaca recém brevetado em CAP-4 e Paulistinha
P-56 sem experiência alguma, entrar e assumir o comando de tremendo C-207, um monstro de avião
aos olhos do iniciante.
É a mesma coisa, hoje um
recém brevetado em Cessninha ou Paulistinha enfrentar um CARAVAN. No Baron confesso que só
carreguei malas, mas fui muito feliz. Varias vezes pernoitei junto com o Rui,
na casa dos seus pais que residiam em Limeira-SP. Pessoas humildes, mas
sensacionais e o Rui não deixava de visitá-los sempre que podia. Ele me ensinou a não tremer e
nem gaguejar ao falar com o PTT com as rádios, mas juro que tremia de medo até
perder esse medo e tudo ser natural.
Voar
com um cara tão tranquilo como ele era, tudo era sensacional. Varias vezes me deixou na
esquerda do PT-BKE meio perdido e foi lá traz sentar no ultimo banco para eu me virar. O
avião para mim era muito grande, comprido demais para minhas ínfimas
habilidades. No fim nunca mais me esqueci dele e até tenho saudades. Acho que
foi um amor à primeira vista. Entre outros lugares, como Londrina-PR, São José do Rio Preto, Araçatuba, etc... fizemos vários voos para
Baurú-SP e Presidente Prudente-SP, onde a operação era coordenada via rádio da
FAB na inesquecível frequência 126.70 Mhz/ Rádio de Aerovia.
O Rui foi um pai para mim,
e através dele conheci o Cmte. ROLIM da TAM lá mesmo em Marília e vários pilotos, quando estava começando no
pequeno Táxi Aéreo Marília em um velho hangar. O Falco, o Agricio, o Zé Moroni, o Quarezi , o Bombini, o Nelinho e outros tantos. O Rui tinha
um grande amor por Marília-SP e acabou casando com a filha do DAC de lá, Sr. Arcanjo. A vida é bela, é
maravilhosa para as pessoas de bem e Deus me deu a oportunidade de conhecer
tantas personalidades nesse mundo maravilhoso e fantástico da aviação, nos Anos
Dourados das nossas vidas. Os anos 70 e 80 foram o máximo pra mim.
Posso dizer que realizei-me
profissionalmente e escrevi meu nome nos anais da história, essa mesma história
saudosista, que gosto de relembrar em todos os momentos da minha vida... A
aviação antigamente era um circulo de amizades sinceras e verdadeiras, desinteressadas e
sem mesquinharias. Pena que hoje as coisas mudaram, a vocação foi esquecida e
os interesses para serem conquistados, se tornaram abruptamente agressivos. Isso
é lastimável e muito triste, quando o poder e o ego tem que ser conseguido pela
força, sem se preocupar com o outro lado da moeda.
Isso
vale mais que um Milhão de dólares. A amizade eterna é um Tesouro e poucos
conseguem conquistar seu Milhão de dólares de amizade. Eu me julgo rico,
bilionário nesse sentido e sou Feliz acima de tudo.
Deus e o meu Anjo da Guarda me deram
muitos amigos e sou extremamente Feliz por ter chegado aonde cheguei, apesar
das dificuldades que encontrei e com a ajuda desinteressada de quem me ajudou.
Não guardo magoas de quem tentou me prejudicar, de quem eu ajudei e depois me
negou ajuda, mas acredito piamente na justiça terrena. Aqui se faz aqui se paga
e pela minha pequena experiência na aviação não é diferente.