Exmo.
Sr. Prefeito da Cidade de Bebedouro
Exmos. Vereadores da Cidade de Bebedouro
Cidadãos Bebedourenses
Exmos. Vereadores da Cidade de Bebedouro
Cidadãos Bebedourenses
Nesta
data, 15 de Dezembro de 2016, é com tristeza, porém, com plena consciência de
missão cumprida, que o Museu Eduardo Matarazzo comunica, reabrirá, no dia 17 de
dezembro, suas portas, após 3 meses de reforma, entretanto, encerrará
definitivamente, suas atividades no dia 22 de Janeiro de 2017.
São quase 49 anos de história, luta e dedicação para com a cidade de Bebedouro, que se encerram por não termos mais recursos financeiros para continuar mantendo a instituição em funcionamento.
É de grande importância citar que esta decisão não é política, muito menos tem o objetivo de criticar a gestão atual. Fechamos por não termos mais como arcar financeiramente com o Museu.
Nossa situação atual e os dados que vamos enumerar abaixo, são o resultado de uma longa jornada que envolve as Prefeituras anteriores, a população e a imprensa que nunca deram o valor real que o Museu merece.
O Museu chegou aqui porque seu fundador, Eduardo Matarazzo e sua esposa, Eneida Matarazzo, decidiram expor, publicamente, sua coleção particular com o intuito de trazer crescimento e notoriedade à Cidade de Bebedouro.
Um gesto nobre e de desapego, tendo em vista que, em nosso país, existem diversas coleções privadas, porém, seus proprietários se recusam a abri-las ao público por saberem o quão pouco a cultura é valorizada no Brasil.
A contrapartida oferecida pelo Município para receber a coleção foi se comprometer a construir um prédio para abrigar as peças.
Nasce, assim, em 1968, a parceria do Museu de Armas Veículos e Maquinas, Eduardo André Matarazzo com a Cidade de Bebedouro.
O Museu se tornou conhecido internacionalmente e nacionalmente. Levou o nome de Bebedouro a inúmeras emissoras de televisão, matérias em revistas, jornais, sites, enfim, mídia em geral. Portanto, atingi o objetivo que seu fundador, Eduardo, tinha ao colocá-lo na cidade.
No início, ambas as partes cumpriam o acordado: o acervo era cuidado pelo proprietário e a cidade cuidava e mantinha o prédio. Porém, com o passar dos anos o prédio, em que o Museu estava instalado, foi se deteriorando e o Município passou a alegar que não possuía recursos para fazer todos os reparos necessários. Desta maneira, começando a descumprir o acordo que possibilitou a vinda do acervo para Bebedouro.
O estado de conservação do prédio passou a afetar o acervo, danificando-o lentamente, mas mesmo assim o Museu foi mantido na cidade, e Eduardo sustentava a palavra dada em 1968. Continuou restaurando e mantendo as peças, expondo cada vez mais carros, aviões, etc. Isto tudo sem jamais receber um centavo sequer, público ou privado.
Em 1984, o Museu sofreu uma terrível enchente decorrente da falta de escoação adequada das aguas que saem do lago da cidade. As aguas entraram nos pavilhões inundando todas as peças, impregnando estofamentos dos carros, destruindo seus painéis e sua pintura, enchendo de lama todas as peças que compõe seus motores.
O Museu foi notícia nacional, muita consternação, porém, não foi oferecida uma ajuda na recuperação dos carros ou um centavo para fazê-lo. Nenhuma mobilização da população, comércio ou imprensa para ajudar na sua recuperação, nenhuma medida emergencial da Prefeitura daquela época também.
Eduardo, embora desolado, não desistiu, começou todo o trabalho de restauro e o Museu continuou na cidade de portas abertas. Mesmo com as instalações em situação precária e sem condições de receber peças históricas. Esta foi sua luta até o fim de sua vida: inúmeras cartas e pedidos de providencias a diferentes Prefeitos e jamais sendo atendido.
Com seu falecimento, em 2002, sua filha, Patrícia Matarazzo, assumiu seu lugar nos cuidados com o Museu. Com esperança e muita dedicação decidiu renovar o Museu, mesmo sabendo que o local em que o acervo se encontrava não era adequado. Com recursos da família apenas, trouxe nova vida ao Museu.
Decidiu fazer um comodato com a cidade. Passou a custear a manutenção do prédio também, pois, desde a inauguração até aquele momento, mesmo existindo um contrato entre Museu e Município, o Município nunca fez as adequações e reparos necessários no prédio, deixando de cumprir sua parte no acordo firmado em 1968.
Em 2005, reinaugurou o acervo com o evento ‘Bons Tempos de Volta’, que trouxe novamente a cidade ao foco da mídia Nacional.
Em 2006, sofre uma outra e trágica enchente, pior que a primeira. Mais de um metro e meio de agua e todo acervo submerso.
Nenhum centavo, novamente, foi oferecido, nenhuma ajuda, nada. O Museu foi reerguido com a ajuda dos funcionários e amigos da família, dentre eles apenas alguns bebedourenses. Porém, os danos causados foram irreversíveis, todo o acervo foi atingido e o restauro do mesmo ficará em milhões.
Patrícia não desistiu. Continuou acreditando que ter um Museu na cidade era importante, sobretudo, para as crianças. Pois, um cidadão, para ter boa formação, precisa conhecer sua história e os Museus são uma das maneiras que existem de se conhecer o passado.
Nestes 48 anos de história o Museu foi visto de uma maneira ambígua pelo Município e sua população:
De um lado, nas horas em que era necessária parceria para custear ou revitalizar o acervo, o Museu é visto como uma coleção particular, cujos benefícios se refletem apenas aos seus proprietários. Assim sendo, não precisando de ajuda externa nenhuma. Esta ajuda não se refere somente a valores em dinheiro. Sim, a parcerias, descontos, trocas que, sistematicamente foram negados ao Museu pelo comercio da cidade.
Em relação à Prefeitura, em muitos projetos do Município o Museu nem foi levado em consideração. Quando, por exemplo, são feitos projetos turísticos, o Lago é citado com um dos atrativos principais e, em todos estes anos, altas somas foram investidas no mesmo e nada no prédio do Museu.
De outro lado, nos momentos de dificuldade, quando o Museu se manifestava narrando seu abandono e evidenciando a impossibilidade de mantê-lo na cidade, em condições tão desfavoráveis, cuja única solução seria de transferi-lo para outro local, passava a ser visto como algo público e de interesse comum, sem direito algum de fechar suas portas ou mudar de lugar.
Em outras palavras: o Museu, para os cidadãos bebedourenses, pertence à família Matarazzo enquanto ela paga as contas, se cuida sozinho e mantem as portas abertas para que a cidade possa dizer que tem uma atração turística. E passa ser visto como Propriedade do Município quando a família pede auxilio, cobra a Cidade sobre suas obrigações ou decide que não quer mais mantê-lo.
E mais, uma propriedade do Município, porém, cuja a obrigação de cuidar continua a ser da Família. Pois, em tempo algum, a cidade ou sua população pretendeu arcar, custear, cuidar e manter o Museu.
Esta ambiguidade impediu que se percebesse que a Família Matarazzo se dedicou com amor e afinco à cidade de Bebedouro e permitiu que fosse vista publicamente uma coleção que É PARTICULAR. Investindo altíssimas somas neste projeto que não lhe trouxe retorno financeiro nenhum, jamais.
Não bastando todos acontecimentos, acima citados, diversas tentativas de se apossar do acervo particular da família Matarazzo ocorreram ao longo destes anos. Sendo a última em novembro de 2016, quando o Museu foi notificado que havia um pedido do tombamento de seu acervo e que este havia sido feito por um dos Promotores de Justiça da Cidade de Bebedouro.
Por tudo que descrevi, eu, Patrícia Marta Matarazzo, venho, em nome de meu pai, Eduardo André Matarazzo, minha mãe, Eneida B Matarazzo, e meu irmão, Fernando Matarazzo, dizer que encerramos as atividades de cabeça erguida, sabendo que fizemos tudo o que podíamos pelo Museu e pela cidade de Bebedouro e orgulhosos de nossa garra e resistência que nos fez sobreviver por 48 anos sem ajuda nenhuma externa.
Cumprimos nossa missão como cidadãos brasileiros que tentam, mesmo dentre tantas adversidades, levar cultura e conhecimento a população.
Investimos, nestes anos todos, nossos próprios recursos em nome de um bem comum e sabemos que nossa parte foi honesta e dignamente feita.
A partir do dia 20 de janeiro de 2017, caso a cidade tenha interesse em manter as portas do Museu abertas, basta que se organize para providenciar pessoal adequado para receber os visitantes, jardineiros para cuidar da parte externa e que faça a manutenção adequada do prédio (recém reformado por mim) para que ele não se deteriore novamente. Caso contrário, devolveremos as peças que são de comodato e retiraremos as nossas, devolvendo o prédio para a cidade.
São quase 49 anos de história, luta e dedicação para com a cidade de Bebedouro, que se encerram por não termos mais recursos financeiros para continuar mantendo a instituição em funcionamento.
É de grande importância citar que esta decisão não é política, muito menos tem o objetivo de criticar a gestão atual. Fechamos por não termos mais como arcar financeiramente com o Museu.
Nossa situação atual e os dados que vamos enumerar abaixo, são o resultado de uma longa jornada que envolve as Prefeituras anteriores, a população e a imprensa que nunca deram o valor real que o Museu merece.
O Museu chegou aqui porque seu fundador, Eduardo Matarazzo e sua esposa, Eneida Matarazzo, decidiram expor, publicamente, sua coleção particular com o intuito de trazer crescimento e notoriedade à Cidade de Bebedouro.
Um gesto nobre e de desapego, tendo em vista que, em nosso país, existem diversas coleções privadas, porém, seus proprietários se recusam a abri-las ao público por saberem o quão pouco a cultura é valorizada no Brasil.
A contrapartida oferecida pelo Município para receber a coleção foi se comprometer a construir um prédio para abrigar as peças.
Nasce, assim, em 1968, a parceria do Museu de Armas Veículos e Maquinas, Eduardo André Matarazzo com a Cidade de Bebedouro.
O Museu se tornou conhecido internacionalmente e nacionalmente. Levou o nome de Bebedouro a inúmeras emissoras de televisão, matérias em revistas, jornais, sites, enfim, mídia em geral. Portanto, atingi o objetivo que seu fundador, Eduardo, tinha ao colocá-lo na cidade.
No início, ambas as partes cumpriam o acordado: o acervo era cuidado pelo proprietário e a cidade cuidava e mantinha o prédio. Porém, com o passar dos anos o prédio, em que o Museu estava instalado, foi se deteriorando e o Município passou a alegar que não possuía recursos para fazer todos os reparos necessários. Desta maneira, começando a descumprir o acordo que possibilitou a vinda do acervo para Bebedouro.
O estado de conservação do prédio passou a afetar o acervo, danificando-o lentamente, mas mesmo assim o Museu foi mantido na cidade, e Eduardo sustentava a palavra dada em 1968. Continuou restaurando e mantendo as peças, expondo cada vez mais carros, aviões, etc. Isto tudo sem jamais receber um centavo sequer, público ou privado.
Em 1984, o Museu sofreu uma terrível enchente decorrente da falta de escoação adequada das aguas que saem do lago da cidade. As aguas entraram nos pavilhões inundando todas as peças, impregnando estofamentos dos carros, destruindo seus painéis e sua pintura, enchendo de lama todas as peças que compõe seus motores.
O Museu foi notícia nacional, muita consternação, porém, não foi oferecida uma ajuda na recuperação dos carros ou um centavo para fazê-lo. Nenhuma mobilização da população, comércio ou imprensa para ajudar na sua recuperação, nenhuma medida emergencial da Prefeitura daquela época também.
Eduardo, embora desolado, não desistiu, começou todo o trabalho de restauro e o Museu continuou na cidade de portas abertas. Mesmo com as instalações em situação precária e sem condições de receber peças históricas. Esta foi sua luta até o fim de sua vida: inúmeras cartas e pedidos de providencias a diferentes Prefeitos e jamais sendo atendido.
Com seu falecimento, em 2002, sua filha, Patrícia Matarazzo, assumiu seu lugar nos cuidados com o Museu. Com esperança e muita dedicação decidiu renovar o Museu, mesmo sabendo que o local em que o acervo se encontrava não era adequado. Com recursos da família apenas, trouxe nova vida ao Museu.
Decidiu fazer um comodato com a cidade. Passou a custear a manutenção do prédio também, pois, desde a inauguração até aquele momento, mesmo existindo um contrato entre Museu e Município, o Município nunca fez as adequações e reparos necessários no prédio, deixando de cumprir sua parte no acordo firmado em 1968.
Em 2005, reinaugurou o acervo com o evento ‘Bons Tempos de Volta’, que trouxe novamente a cidade ao foco da mídia Nacional.
Em 2006, sofre uma outra e trágica enchente, pior que a primeira. Mais de um metro e meio de agua e todo acervo submerso.
Nenhum centavo, novamente, foi oferecido, nenhuma ajuda, nada. O Museu foi reerguido com a ajuda dos funcionários e amigos da família, dentre eles apenas alguns bebedourenses. Porém, os danos causados foram irreversíveis, todo o acervo foi atingido e o restauro do mesmo ficará em milhões.
Patrícia não desistiu. Continuou acreditando que ter um Museu na cidade era importante, sobretudo, para as crianças. Pois, um cidadão, para ter boa formação, precisa conhecer sua história e os Museus são uma das maneiras que existem de se conhecer o passado.
Nestes 48 anos de história o Museu foi visto de uma maneira ambígua pelo Município e sua população:
De um lado, nas horas em que era necessária parceria para custear ou revitalizar o acervo, o Museu é visto como uma coleção particular, cujos benefícios se refletem apenas aos seus proprietários. Assim sendo, não precisando de ajuda externa nenhuma. Esta ajuda não se refere somente a valores em dinheiro. Sim, a parcerias, descontos, trocas que, sistematicamente foram negados ao Museu pelo comercio da cidade.
Em relação à Prefeitura, em muitos projetos do Município o Museu nem foi levado em consideração. Quando, por exemplo, são feitos projetos turísticos, o Lago é citado com um dos atrativos principais e, em todos estes anos, altas somas foram investidas no mesmo e nada no prédio do Museu.
De outro lado, nos momentos de dificuldade, quando o Museu se manifestava narrando seu abandono e evidenciando a impossibilidade de mantê-lo na cidade, em condições tão desfavoráveis, cuja única solução seria de transferi-lo para outro local, passava a ser visto como algo público e de interesse comum, sem direito algum de fechar suas portas ou mudar de lugar.
Em outras palavras: o Museu, para os cidadãos bebedourenses, pertence à família Matarazzo enquanto ela paga as contas, se cuida sozinho e mantem as portas abertas para que a cidade possa dizer que tem uma atração turística. E passa ser visto como Propriedade do Município quando a família pede auxilio, cobra a Cidade sobre suas obrigações ou decide que não quer mais mantê-lo.
E mais, uma propriedade do Município, porém, cuja a obrigação de cuidar continua a ser da Família. Pois, em tempo algum, a cidade ou sua população pretendeu arcar, custear, cuidar e manter o Museu.
Esta ambiguidade impediu que se percebesse que a Família Matarazzo se dedicou com amor e afinco à cidade de Bebedouro e permitiu que fosse vista publicamente uma coleção que É PARTICULAR. Investindo altíssimas somas neste projeto que não lhe trouxe retorno financeiro nenhum, jamais.
Não bastando todos acontecimentos, acima citados, diversas tentativas de se apossar do acervo particular da família Matarazzo ocorreram ao longo destes anos. Sendo a última em novembro de 2016, quando o Museu foi notificado que havia um pedido do tombamento de seu acervo e que este havia sido feito por um dos Promotores de Justiça da Cidade de Bebedouro.
Por tudo que descrevi, eu, Patrícia Marta Matarazzo, venho, em nome de meu pai, Eduardo André Matarazzo, minha mãe, Eneida B Matarazzo, e meu irmão, Fernando Matarazzo, dizer que encerramos as atividades de cabeça erguida, sabendo que fizemos tudo o que podíamos pelo Museu e pela cidade de Bebedouro e orgulhosos de nossa garra e resistência que nos fez sobreviver por 48 anos sem ajuda nenhuma externa.
Cumprimos nossa missão como cidadãos brasileiros que tentam, mesmo dentre tantas adversidades, levar cultura e conhecimento a população.
Investimos, nestes anos todos, nossos próprios recursos em nome de um bem comum e sabemos que nossa parte foi honesta e dignamente feita.
A partir do dia 20 de janeiro de 2017, caso a cidade tenha interesse em manter as portas do Museu abertas, basta que se organize para providenciar pessoal adequado para receber os visitantes, jardineiros para cuidar da parte externa e que faça a manutenção adequada do prédio (recém reformado por mim) para que ele não se deteriore novamente. Caso contrário, devolveremos as peças que são de comodato e retiraremos as nossas, devolvendo o prédio para a cidade.
Patricia Marta Matarazzo
As Fotos inseridas aqui foram tiradas recentemente por um amigo que nos enviou pelo W. Zap
Tristeza ver a situação do Museu atualmente...
A carta acima foi obtida no site do Repórter MAXICAR.
http://www.maxicar.com.br/
Museu Eduardo André Matarazzo
Endereço: Praça Santos Dumont,
s/n - Centro, Bebedouro - SP, 14700-349