sábado, 2 de março de 2013

Mais um avião na reta final....................O ERCOUPE do Geraldo Mochetti vai voar...

No inicio dos anos 70 quando comecei a voar, os Aero Clubes com suas Escolas de Pilotagem eram referencia na formação de novos pilotos para a aviação geral. Entre eles próximos da minha região existiam: AC.Jaboticabal/SP,  AC.Bebedouro/SP, AC.Barretos/SP,  AC.São Carlos/SP, AC.Ribeirão Preto/SP, AC. Batatais-SP,AC.Catanduva-/SP, AC.Rio Claro/SP, entre muitos outros, mas por facilidades outras acabei fazendo a minha instrução de voo no AC.de Marilia/SP. O AC.de Araraquara/SP estava fechado por intervenção do antigo DAC-Departamento de Aviação Civil. Entre 1974 e 1976 quando passei a voar profissionalmente para a extinta Construtora Igaraçú Ltda de Araraquara-SP, nós não dispúnhamos de combustível para aviação. AVGAS/Gasolina de Aviação mais próxima, só no AC.de São Carlos, Jaboticabal  e Ribeirão Preto. Dado as facilidades, comecei a frequentar assiduamente o AC. De São Carlos/SP para os abastecimentos e passei a conviver com o pessoal de lá. Naquela áurea época da aviação em plena atividade, conheci o PAULO BLOTA, Presidente do AC.São Carlos/SP, que por amor e dedicação sem igual comandava aquela entidade.
Existia ali nos anos 70 um famoso instrutor de voo, o MARGARIDO, o qual acabou acidentando-se com um Paulistinha P-56C do Aéro Clube ministrando Instrução de Voo. Em consequência desse fato, acabou ficando paraplégico, tendo o aluno saído ileso do acidente, mesmo com o forte impacto com o solo.
O PAULO BLOTA, com suas qualidades excepcionais, muita consideração pelas pessoas e incontável dedicação , procurou, achou e comprou uma aeronave ERCOUPE, para que o querido MARGARIDO, apesar de paraplégico continuasse voando. O ERCOUPE é uma aeronave versátil, a qual foi construída nos finais da 2ªGuerra Mundial para servir os pilotos que haviam perdido suas pernas em combate. Foi desenvolvido um projeto curioso, com adaptações aerodinâmicas especiais, principalmente nos lemes para que o piloto pudesse ter ao seu alcance todos os comandos com as mãos, sem precisar dos pés e assim voar elegantemente e seguro. 
Esse avião foi sucesso e continua voando no mundo todo até os nossos dias, tendo nos Estados Unidos uma forte associação representativa dos proprietários e pilotos desse modelo de aeronave. A Associação é: www.ercoupe.org
Quando o ERCOUPE (ERCO-415-C ERCOUPE, o PP-DHL), chegou São Carlos vibrou de emoção pelo ato carinhoso e prestativo do PAULO BLOTA, bancário por profissão e Piloto Privado por esporte e assim o MARGARIDO voltou a voar o aviãozinho feliz da vida. Entretanto, tempos depois, novamente o MARGARIDO foi vitimado por um acidente com esse ERCOUPE sem muitas consequências, mas a aeronave acabou bem destruída, porém sujeita a reconstrução.
O Paulo Blota recolheu por algum tempo o avião em um dos hangares do antigo Aero Clube de São Carlos e começou a juntar forças para reformar o avião na esperança de colocá-lo novamente operacional, em condições de voo. A luta foi árdua, os anos passaram e as dificuldades encontradas foram imensas, mas devagarzinho ele foi dando forma novamente ao precioso aviãozinho, seu xodó. Conseguiu comprar partes de outras aeronaves semelhantes que haviam sido canibalizadas e com ajuda de mecânicos foi reconstruindo o PP-DHL, sempre com o intuito de voa-la novamente. Na esperança de manter a originalidade da aeronave tropeçou em muitos obstáculos e por fim em 2012 resolveu vender o ERCOUPE na situação que encontrava. Praticamente semi-pronto, com 70% da aeronave concluida, motor Continental 04 cilindros/90 HP totalmente revisado com todos os seus componentes, instrumental de voo e hélice, asas enteladas, etc.
O ACSC - que foi fundado em 18/OUT/1942 e funcionava no antigo e originário aeródromo  denominado Salgado Filho,  era mais conhecido como Campo de Aviação naquela época, cujo local foi desativado, por estar no centro da cidade e transferido para o atual aeroporto de São Carlos-SP "Mario Pereira Lopes"(SDSC) administrado pelo DAESP- Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo, que funciona atualmente nas antigas instalações da CBT- Companhia Brasileira de Tratores anexo as instalações da TAM Manutenção e Museu ASAS DE UM SONHO da TAM.
O pessoal do Museu da TAM em São Carlos-SP mostrou interesse em adquirir a aeronave, terminar a restauração e coloca-la em exposição estática permanente. Demoraram na negociação e o Paulo Blota acabou vendendo no fim do ano para o nosso amigo, mecânico de carros, Professor Pardal de mão cheia, piloto de ultraleves e entusiasta da aviação, GERALDO MOCHETTI, o qual transladou via rodoviária a aeronave e todos os seus componentes para a sua oficina automotiva em Araraquara-SP. Assim a nossa Morada do Sol ganha mais uma aeronave, a qual está sendo concluída pelo próprio Geraldo para em breve estar voando, realizando o sonho antigo do Paulo Blota.
Parabéns Grande Geraldo. Estamos felizes e torcendo pelo seu sucesso. Sabemos que a batalha não é fácil, mas estamos certos que você vai conseguir..............
Hoje, por exemplo,02/MARÇO, em mais uma de suas viagens, está ele lá em Itanhaém-SP buscando algumas peças para o avião com o restaurador de aeronaves Pietro.
Em 2005 estive pela 2ª vez na AIRVENTURE OSHKOSH, a maior Feira de Aviação dos Estados Unidos. Apaixonado também por ERCOUPE não deixei de visitar a área destinada a esses aviões. Um verdadeiro acampamento, onde reúnem-se proprietários e pilotos amantes dessa aeronave, os quais vem voando dos mais longínquos lugares, ficam acampados ali. Você praticamente não  as horas passarem e fica encantado com a simplicidade dessa turma. "Naquela ocasião voltei no tempo, recordando o único voo que fiz em um ERCOUPE. Isso aconteceu em 1975, quando estive em Rio do Sul-SC, voando profissionalmente para uma Construtora que asfaltou a Estrada de Rio do Sul - Lontras em Santa Catarina e conheci um empresario de lá que possui um. Convidou-me para um voo na sua companhia num fim de semana, quando fomos visitar uma Granja próxima e degustar um belo churrasco. Outro amigo dele voou em um Piper PA-18 na nossa ala. Adorei voar na sua companhia  e principalmente fiquei encantado quando pousou o ERCOUPE em uma pistinha improvisada ao lado de um lago." Falei tanto sobre OSHKOSH e dessa turma magnifica que anualmente está por lá, que certamente convenci o Geraldo a participar da próxima feira. E acho que ele vai............
Aqui estão algumas fotos feitas naquela ocasião para ilustrar: 

sexta-feira, 1 de março de 2013

Tristes lembranças do ACJ...........

Em 2004 o ACJ – Aero Clube de Jaboticabal/SP com verba recebida do antigo DAC- Departamento de Aviação Civil, hoje ANAC – Agencia Nacional de Aviação, passou por uma grande reforma em seus dois velhos hangares. Infelizmente o ACJ não vingou. Em 2005 perdeu em um grave acidente a aeronave Cherokee-180D, o PT-IBI, carro chefe do  sustento final da entidade, a qual passava por uma vasta crise administrativa e financeira.  Junto com o amigo e aluno Rodolpho Cesar Magalhães tivemos o prazer de ser agraciado com o ultimo voo nosso no PT-IBI antes da fatalidade aérea. Os restos da aeronave dada como irrecuperável, após o acidente, foram vendidos. Posteriormente foi vendida também a aeronave Piper J-3 C, o PP-RZA, a qual estava com sua situação aeronavegável comprometida e interditada para voos e o ACJ tendo saudado suas dividas anteriormente contraídas fechou suas portas. Infelizmente um GIGANTE dos anos 40 foi ao chão. Sinto muita dor ao lembrar essas passagens que marcaram o coração dos amantes da aviação jaboticabalense como eu. É triste ver hoje o que restou do grandioso ACJ semi-abandonado. Só a Prefeitura Municipal administradora do aeródromo pode salvar o Campo de Aviação dos nossos sonhos, desinterditar a pista e devolver ao trafego aéreo o aeródromo, cartão de visita, porta de entrada da CIDADE DAS ROSAS, ATHENAS PAULISTA, CIDADE DA MUSICA......................CIDADE SEM ASAS...mas cheia de esperanças...
O ACJ perdeu também o Monomotor de Instrução cedido pelo DAC, o Aeroboero PP-GED que foi remanejado para o AC.Araraquara-SP e o Planador PP-FPG transferido para o Departamento de Voo a Vela do AC. de Itápolis-SP

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

VOANDO ao Sabor do Vento....

Os anos 40,50 e 60 se passaram, mas os aviões daquela época provaram ser bons e a grande maioria deles está voando até hoje. É o puro voo clássico ao sabor do vento, sem muitos instrumentos, pequena potencia de motor aliada ao baixo consumo de combustível, pouca velocidade, mas com extrema sustentação. O piloto é parte integrante da máquina e sua pericia é o sucesso da operação, principalmente nas decolagens e pousos, pois a grande maioria deles possui trem de pouso convencional, que exige vasto treinamento nas mais diversas condições meteorológicas.  São poucos os que têm o privilegio de voar ao sabor do vento, pois os aviões evoluíram e o novo pessoal só conhece as novas máquinas. Mas nós antigos amantes daquela aviação nostálgica e clássica, apesar de termos experimentados depois, grandes e velozes aviões full equipados com a nova tecnologia embarcada, ainda temos circulando nas nossas veias o puro sangue dos Velhos Tempos. Aqueles bons voos visuais no nascer do dia e naquelas calmas tardes quase no por do sol com os TECO-TECOS. Confesso que até chegamos ferir alguns minutinhos a mais de luz, beirando o crepúsculo. 
Éramos felizes e hoje quando temos um TECO-TECO do nosso lado ainda somos felizes. Confesso que sou mais feliz ainda quando estou voando com meu Grumman AA-5 TRAVELER PT-IIN ou com o meu Piperzinho amarelo J-3 “CUB”, o PU-ERI.
Quem amou sua motocicleta na juventude, mais tarde, já com a vida feita, com condições e tempo livre vai querer voltar no tempo e aventurar-se novamente sobre duas rodas. Na aviação é assim também.  A vida em si só é assim, um vai e volta. Felizes aqueles que podem viver o tempo hoje curtindo coisas do passado.
Mas se eu curto minha emoção com minha visão clara de tudo, pretendo chamar a atenção dos outros, optando pelo eterno contentamento. Não sei se sou otimista demais, por natureza, formação, criação ou circunstancia. Posso apenas estar querendo observar o dentro e o fora na sensatez da vida, na realidade dos sonhos adolescentes, como tentativa de trazer outros aventureiros para o meu mundo cheio de graça e com momentos de esplendor. 
São tentativas para renovar o despertar dos interesses passados, cultivando o avião como instrumento que nos capacita ver que as coisas belas não acabaram e continuam cheias de encantamento. Para viver com alegria tem que acreditar que vale a pena viver a vida e essas emoções e que existem ainda modos de ser feliz e realizado. Tudo isso é possível quando se tem a oportunidade de VOAR ao SABOR DO VENTO...resgatando nossos valores, as nossas crenças e o nosso real desejo de ser feliz e realizado...pois é preciso seguir em frente com o nosso tempo, fazendo aquilo que curtimos e adoramos fazer. Penso que essa é a forma da longevidade...
Meu amigo Capt. William de Batatais-SP é também um amante dos Voos ao sabor do Vento. Não posso aparecer por lá com meu Piper J-3 que ele não desgruda da maquininha. Larga tudo que tem que fazer, para voar o TECO-TECO, com desculpa que a sua filhinha Jú é quem gosta do avião zinho.Rsssssssssssssss..............