sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Inauguração da Linha Regional da TAM em Araraquara-SP em 1975 e a Homenagem ao Cmte. Ronaldo Bauke.






























A TAM- Transportes Aéreos Regionais, na década de 70, como Empresa de Aviação Comercial, de caráter regional já nasceu grande. Formada por duas grandes empresas, lideres em seus respectivos mercados: A VASP e a TÁXI AÉREO MARILIA-TAM. Durante anos ocupou lugar de destaque no transporte aéreo regional, abrindo suas linhas para o interior carente de transporte aéreo de passageiros e cargas. Pelo tamanho da sua frota em 1976 recebeu o 4º Lugar no “Ranking” brasileiro de Aviação Comercial.
Brevetado em Marília-SP no inicio dos anos 70, acompanhei parte da sua história e seu desenvolvimento, tendo a oportunidade de conhecer os pioneiros pilotos/comandante dessa conceituada empresa. Homens que fizeram dela o grande Sonho do seu fundador, o saudoso Cmte. Rolim Amaro. Orgulho-me dessa turma que teve liderança marcante no Mercado da Aviação Regional com a abertura das suas linhas ligando o interior à Mega Capital São Paulo-SP.
Em outubro de 1976, segundo Hélcio Estrella, os principais resultados estatísticos do Transporte Aéreo regional mostrou a liderança da então TAM- Transportes Aéreos Regionais, na operação desse sistema no país, por KM, volume de passageiros transportados (passageiros/quilômetros) e por frota (em numero e tipo de aeronaves). Naquela época pioneira em fatores comparativos a aviação vivia assim:
A VARIG/CRUZEIRO tinham 67 aeronaves, sendo:
04 MacDonnell/Douglas DC-10-30
16 Boeing- 707
17 Boeing- 727
16 Boeing- 737
10 Lockheed ELECTRA II
04 Hawker Siddeley HS-748 AVRO
A VASP 22 aeronaves, sendo:
22 Boeing-737
A TRANSBRASIL 14 aeronaves, sendo:
05 Boeing-727
06 BAC ONE ELEVEN, MK-500
03 DART HERALD ( arrendados a empresa TABA da Amazônia.
A TAM 13 aeronaves, sendo:
09 CESSNA Bimotor 402
06 BANDEIRANTES EMB-110
Naquela época, Araraquara-SP, A MORADA DO SOL, com cerca de 120 mil habitantes e situada a 285 km de São Paulo-SP, em 1975, foi a segunda a ter uma Linha Aérea Regional Regular de Aviação da TAM. Pena que ela não vingou por muito tempo. A primeira foi de São José dos Campos - SP ligando o Rio de Janeiro-RJ um ano antes, em 1974. Estávamos em pleno 1975, e eu estava lá. Com a carência de linhas regulares pelo interior a façanha do Cmte. Rolim foi abrir uma Linha-Piloto abocanhando boa parte do que restou dos anos 60, quando o Brasil tinha ainda 400 cidades servidas por avião e em 1975 apenas 80.
No dia 28 de novembro de 1975, assisti em clima de festas, quando a cidade de Araraquara-SP, a qual havia me acolhido desde 1973, viveu a Inauguração da pioneira LINHA AÉREA REGULAR de AVIAÇÃO, ligando a cidade a Capital Paulista, com dois vôos partindo de São Paulo-SP para Araraquara-SP e dois vôos de Araraquara-SP para São Paulo-SP, operando aeronaves Bimotoras CESSNA-402.
A inauguração marcou o inicio efetivo dos vôos do Sistema Integrado de Transporte Aéreo Regional criado naquela ocasião pelo antigo e saudoso DAC - Departamento de Aviação Civil do Ministério da Aeronáutica, na gestão do Tenente-Brigadeiro do Ar: Deoclécio Lima de Siqueira, que esteve presente nesse ato histórico.
Naquela ocasião estava voando na extinta CONSTRUTORA IGARAÇÚ LTDA e fui convidado a participar desse ato tão insignificante para alguns, mas de grande importância para mim, jovem iniciante na aviação dos meus sonhos de menino.
Estiveram presentes além do Brigadeiro do Ar Deoclécio, o então Secretario dos Transportes do Estado de São Paulo, Engenheiro: Tomaz de Magalhães, o Prefeito Municipal: Dr. Clodoaldo Medina, o Presidente da TAM: Comandante Rolim Adolfo Amaro, o Presidente da VASP: Engenheiro: Flávio Musa de Freitas Guimarães, o Chefe do Subdepartamento de Planejamento do DAC: Brigadeiro do Ar Waldir Vasconcelos e o Vice-Presidente da VASP: Coronel Aviador José Maia.
Esse grupo de autoridades foram os passageiros do vôo Inaugural, realizado após o batismo oficial do avião Cessna-402 PT-IUV naquele dia, tendo como 1º Oficial Comandante Ronaldo Bauke e o 2º Oficial Co-Piloto Romualdo Rossato.
Onde estarão eles hoje?
Foi uma Justa Homenagem prestada pela TAM naquela ocasião ao Comandante RONALDO BAUKE, o qual tive a oportunidade e o imenso prazer de conhecer naquele dia. Conversamos muito sobre a minha carreira inicial na aviação por algumas horas.
Um verdadeiro Comandante no sentido da palavra. Educado, atencioso, prestativo e demasiadamente humilde pela sua vasta experiência e pela posição que ocupava naquele momento. Contou-me que a sua vontade de voar foi sempre a sua vocação. E olha que naquele tempo falava-se em vocação, coisa que nascia desde cedo. Por isso tornou-se um renomado piloto e Comandante. Teve sonhos que alimentavam o seu destino, pilotando na imaginação pequenos modelos, que montava.
Para estudar, Bauke começou a trabalhar muito jovem em um Banco em Blumenau-SC, como escriturário. Em 1965, conseguiu seu tão almejado Brevet de Piloto Privado tendo cursado pilotagem no Aero Clube da cidade catarinense. Em dezembro de 1967 passou a ser o secretário e Instrutor de Vôo do Aero Clube de Blumenau - SC. E assim foi ganhando asas seu sonho de menino.
Quando o conheci em 1975 por ocasião do Vôo Inaugural da TAM em Araraquara-SP ele tinha 30 anos e era Chefe de Operações da TAM. Como eu, havia começado voando num Paulistinha CAP-4. Ele no Aero Clube de Blumenau-SP e eu em Marília-SP. Dali foi voar o seu primeiro emprego nas Centrais Elétricas de Santa Catarina, de onde saiu Comandante de Piper Bimotor NAVAJO e AZTECA.
Nascido na cidade de Rio do Sul-SC e criado em Blumenau, praticamente sua história se resumiu em Santa Catarina. Quando esteve em Araraquara-SP, já era casado e pai de dois filhos, aguardando o nascimento do terceiro. Falava e escrevia fluentemente o alemão, língua dos seus ancestrais, bem como o Inglês. Ingressou na TAM em 1973 concluindo o curso de Comandante de Cessna-402 e de 1º Oficial de Lear Jet, naquela ocasião em que a empresa tinha apenas uma pequena frota de 04 aviões, sendo: 03 Piper NAVAJO e 01 Grand Commander. Foi um dos pilotos que em agosto de 1974, viajou para WICHITA-KS/USA para concluir o curso da aeronave e trazer de lá a frota dos Cessnas-402.
Nunca me esqueci da conversa que tive com o Comandante Ronaldo Bauke. Com o Co-Piloto seu naquele dia (28.11.1975), o Romualdo Rossato, apenas troquei algumas palavras. Naquela ocasião o Cmte. Rolim estava tão emocionado e feliz pela sua nova conquista, abrindo os horizontes e dando perspectivas de uso de aviões pelos Araraquarenses. Havia conhecido o Cmte. Rolim nos meus tempos do Aero Clube de Marília-SP, quando ele lutava com seus monomotores no seu Táxi Aéreo Marília. Pela falta de tempo naquele momento apenas trocamos algumas palavras
Hoje ao ver dois velhos informativos bimestrais da TAM distribuídos naquela época que guardo a sete-chaves no baú da minha história de vida, pergunto para mim mesmo:
Onde estará o Cmte. Bauke?













quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

UMA LINDA HISTÓRIA DE VIDA...




























Todas as pessoas incondicionalmente possuem uma história de vida e com os pilotos nada é diferente. Caminhos muitas vezes são traçados, desviados e até mesmo abandonados. Sonhos nascem com as pessoas. Algumas conseguem realizar seus sonhos. Outras não. Algumas não possuem vocação e correm atrás de uma carreira pensando somente no salário e não na realização pessoal e isso é ruim. A vida é assim mesmo, um longo caminho sinuoso, cheio de obstáculos, oportunidades, chances e alternativas. O legal é quando durante esse percurso encontramos amigos que nos contam suas historias, não muito diferentes das nossas. São amigos que nasceram para voar desde pequeninos. Sonham com aviões e esse mundo maravilhoso da aviação cheio de mistérios, com altos e baixos e isso me deixa feliz.
Fico triste quando vejo hoje alunos de aviação que entraram no negocio sem mesmo gostar dessa atividade tão técnica e cheia de sacrifícios, por que alguém falou que a carreira de piloto está dando dinheiro, mas esse não é o caso dos dois amigos dos quais falo agora. Sei que eles nasceram como eu para voar e ai estão quase que diariamente entre nuvens.
Conheci o Sr. Rodolpho, avô do Cmte. Juninho Gigante (Reinaldo Gigante Junior) no fim dos anos 70 quando ele cuidava do Cessna-180 do Edmundo Lupo, o qual ficava num velho hangar de madeira no aeródromo municipal de Araraquara-SP, cujo indicativo aeronáutico era SSAK, antes da transformação em Aeroporto Estadual Bartolomeu de Gusmão, hoje SBAQ, administrado pelo DAESP- Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo. Naqueles áureos e dourados anos havia um guarda-campo que residia ali, o Sr. Alcindo com sua humilde e respeitada família. O velho Rodolpho, avô do Juninho cuidava daquele avião com o maior zelo e carinho, o qual ficava dentro do hangar sobre plataformas de madeiras sob as rodas e preso em argolas fixadas no chão. Muitas vezes para ajudá-lo a movimentar o Cessna-180 nos obrigava por instruções do seu patrão, colocar uma espécie de luva nas mãos, como se fosse uma meia, pois não queria que o suor manchasse o reluzente avião fabricado em alumínio polido, uma verdadeira preciosidade para a época. Mais tarde em Araraquara-SP já brevetado e voando o meu primeiro emprego em 1974, pilotando um Cessna-182P/1974(PT-KAZ), novinho em folha da extinta Construtora Igaraçú Ltda que acabou adquirindo o mesmo hangar do Edmundo Lupo, encontrei algumas vezes mais com o avô do Juninho que apesar de ter saído da Indústria de Meias Lupo, já aposentado, não deixava de visitar aquele Campo de Aviação.
Vieram os anos 80 e 90 e em pleno desenvolvimento do esporte do pára-quedismo que trouxemos com nossa gloriosa Equipe, o “SKYDIVE MEDIEVAIS” (http://www.osmedievais.kit.net/), eis que ressurge o velho amigo com seu netinho sendo impulsionado por ele no pára-quedismo e na aviação. Assim surgiu o pequeno "Juninho Gigante" nas nossas vidas. Tornou-se nosso aluno pára-quedista na nossa Escola, depois Dobrador de Pára-quedas na nossa área de saltos, zelador do nosso hangar junto com a família, prosseguindo no caminho do seu sonho, a Aviação.
Sua luta não foi fácil, mas gloriosa. Fez um rápido curso de manutenção de aeronaves e conseguiu seu lugar ao Sol entrando na EMBRAER - Unidade de Gavião Peixoto-SP. Daí foi um pulo. Conseguiu com muita labuta o Brevet de Piloto Privado, logo em seguida o de Piloto Comercial e encontrou com o amor da sua vida, sua esposa amada, a qual conheceu como Engenheira Aeronáutica da Embraer na Unidade de São José dos Campos. Vivia no meio dos aviões que tanto amava, mas seu sonho era pilotar um deles, seguir sua carreira, realizar seu sonho de menino aventureiro.
Arriscou tudo com o aval da esposa e da família, abandonando a carreira de Mecânico de Manutenção na EMBRAER e partindo para a Aviação Comercial tão almejada. Entrou na PASSAREDO LINHAS AÉREAS de Ribeirão Preto-SP como Co-Piloto de Jato EMBRAER-147 ERJ, avião que conhecia a fundo dos tempos da Embraer. E ali continua voando, seguindo seu destino, escrevendo sua bonita história de vida.
Hoje tenho o prazer de receber um emocionante e gratificante e-mail desse jovem contando parte da sua história, da qual somos um simples capitulo em todo esse enredo. Seu depoimento de gratidão é além da sua humildade um exemplo da sua virtude e generosidade. As fotos que nos envia hoje dão uma clareza da sua alegria, satisfação e felicidade. Ficamos muito felizes. É muito gratificante ver jovens lutadores por um ideal e mais felizes ainda em saber que o nosso conterrâneo amigo e aluno do passado, hoje grande Comandante de Linha Aérea, o Marco Aurélio Arrobas Martins está do seu lado, ministrando instrução nos vôos da companhia preparando como já preparou muitos ao longo da sua carreira para a futura posição de Comandante. Nossos parabéns ao Co-Piloto Juninho Gigante e ao Comandante Master Arrobinha, grandes e inesquecíveis amigos.

Abraços, Delfino &Betty.