quarta-feira, 26 de junho de 2019

OS MEDIEVAIS teve sua origem nos "FERAS DO TU"

OS MEDIEVAIS teve sua origem nos       “ FERAS DO TU "

 No dia 03 de maio de 1.971, ressurgia o (CPJ) Clube de Pára-quedismo de Jaboticabal. Essa equipe desenvolveu técnicas especiais para o material disponível, os " TU ", com equipamento B12 costa larga de 04 pinos, enquanto a maioria das outras equipes já utilizavam materiais hiper-sustentado, Pára-Commander, Olimpic, PT-CH7,de maior dirigibilidade..
Mesmo com os poucos recursos da época havia uma sólida  união entre esses jovens pioneiros que tinham num ideal único a luta pelo engrandecimento dentro do esporte.  
                                        O    pára-quedismo passou a fazer parte integrante de suas vidas e graças ao espírito de coleguismo aliado a boa vontade de todos e dedicação começaram a participar de confraternizações. Sempre estiveram presentes na grande maioria de encontros, participando de campeonatos e torneios,onde com antigos e superados pára-quedas, conseguiam fazer proezas, demonstrando igualdade de competição a velames com maiores recursos.Quando chegavam,curiosamente despertava a atenção dos demais concorrentes  com suas proezas nos saltos de precisão. Os adversários, apesar de possuírem velames modernos, hiper-sustentados e de maiores recursos ainda não haviam se adaptado as recentes técnicas de domínio do equipamento e as novas transformações.

Aproveitando dessa brecha, com o domínio que tinham sobre os cansados velames “TU”,conseguiam marcas surpreendentes nos saltos de precisão, o que lhes rendeu o apelido de " OS FERAS do TU ".


Com o decorrer do tempo " OS FERAS do TU " acabaram se separando,

mas as velhas lembranças não morreram, e em cada encontro surgia a esperança de uma nova união.     
Assim pensando, em 04 de julho de 1.982, nasceu uma nova equipe, denominada
 "OS MEDIEVAIS" que recebeu esse nome por se tratar de velhos companheiros.
"OS MEDIEVAIS" : Velhos; ELMO e ESCUDO: guerreiros; VELAME de TU: lembrança dos feras.

ONDE TUDO COMEÇOU:
Em julho de 1.964, Jaboticabal (SP) olhava para o céu. Acontecia o IVº CAMPEONATO BRASILEIRO DE PÁRA-QUEDISMO. A cidade vivia em clima de festas por ocasião de um dos seus aniversários.
Quatro garotos, com ideais voltados para a aviação, freqüentavam o aeroporto assistindo aos saltos de pára-quedas que ali ocorriam durante toda semana. Cada qual vindo de um ponto da cidade passaram a conviver com os pára-quedistas que estavam envolvidos no campeonato. O sonho de voar foi atropelado antes pela esperança de saltar.
Naquela época, JABOTICABAL (SP), já tinha um Clube de Pára-quedismo, com uma equipe que participava do Campeonato num espírito de coleguismo, o que cativou em muito esses garotos.
Essa equipe era formada entre outros pelos pára-quedistas: Beto Merenda, Wlastemil Ana’darque Bedore, Luis Antonio Cheriche (Totó),Mario Berlingieri (Marinho), Orladio Martins,Roberto Vargas da Silva (Bodão), que tinham como treinador um pára-quedista francês de nome Berthrand e o assessor Tatá. Foram requisitados pelo Aéro Clube de Jaboticabal (ACJ), entidade muito forte naquela época e se tornaram os pioneiros do pára-quedismo esportivo na cidade. Berthrand era um eximinio pára-quedista francês e formou os primeiros pára-quedistas Jaboticabalenses.

Com o encerramento do campeonato, o Clube de Pára-quedismo de Jaboticabal não vingou, pois eram muitas as dificuldades da época. Um dos motivos primordiais foi o afastamento do clube pelo BODÃO que havia deixado a cidade para ir cursar a ACADEMIA MILITAR de AGULHAS NEGRAS em Rezende-RJ, deixando os destinos da jovem entidade a cargo de seu pai, Dr. Zenon Vargas da Silva, um rígido e atuante advogado da cidade.
O espírito de união e coleguismo foi ferido e todos distanciaram dos interesses do Clube. O material de salto existente na ocasião, bem como todo registro documental foi recolhido e mantido sob a guarda do enérgico Dr. ZENON que apesar de Presidente da entidade não era pára-quedista.
Os garotos, DELFINO, HIDE, IGNÁCIO e ALBINO que tinham um sonho, a esperança de iniciar no pára-quedismo, viram seus ideais frustrados, pois o Clube de Pára-quedismo da cidade havia paralisado suas atividades, o que tornou uma dificuldade maior a ser enfrentada.
O INICIO DE TUDO:
Fim dos anos sessenta surgiu na vida desses quatro garotos, um pára-quedista de Jaboticabal (SP) que saltava em São José do Rio Preto (SP), o qual se prontificou em auxiliar na instrução dos quatro, levando-os depois para cheque final e salto no seu clube (CPSJRP) . Seu nome : SEBASTIÃO GAGLIARDI NETTO, conhecido por NETTO GAGLIARDI.
Assim sendo foi iniciada a instrução teórica dos quatro alunos: DELFINO, HIDE, IGNÁCIO e ALBINO. Pára-quedas utilizado na época era o SWITILIK T-7 de Abertura Semi-automática pelas linhas, velame militar camuflado. Pagaram um razoável preço pela instrução, mas novamente seus sonhos foram frustrados, pois o NETTO GAGLIARDI deixou a cidade sem concluir seu compromisso.
Os quatros partiram para São José do Rio Preto (SP) a procura do Clube de Pára-quedismo de São José do Rio Preto (CPSJRP), onde o NETTO GAGLIARDI prometia lançar seus alunos. Ali encontraram os pára-quedistas Idelbrando, Isack e Pulguinha, que não os conheciam e desconheciam as atividades da  iniciação desses garotos no Pára-quedismo pelo  NETTO de Jaboticabal (SP). O retorno foi frustrante mais uma vez.
NOVA INICIATIVA:
Os quatro garotos se tornaram amigos inseparáveis e continuaram sonhando em se tornarem pára-quedistas. As dificuldades eram muitas. Uma mistura de falta de orientação, de falta de dinheiro, a oposição das famílias, etc...
Nessa procura incansável chegou o ano de 1.971. Acabaram descobrindo pára-quedistas maravilhosos em Campina Grande-PB. Eram eles os novos incentivadores do quarteto: Marco Antonio Simplicio, Raul e Elza do CPCG ( Clube de Pára-quedismo de Campina Grande-PB), que apesar da distancia, mas por cartas,  mantiveram viva essas chamas, incentivando-os a prosseguir em frente. Chegaram a mandar um conjunto de apostilas que utilizavam no CPCG para que esses garotos pudessem melhorar seus conhecimentos e se prepararem tecnicamente, o que aumentou ainda mais a ansiedade pela realização dos saltos.
O ano de 1971 foi um ano tumultuado e cheio de surpresas. O ALBINO partiu para a aviação e abandonou o sonho do pára-quedismo, o IGNÁCIO também deixou de lado a idéia. Ficaram apenas dois: DELFINO,HIDE que não se separam,pois tinham o mesmo sonho. As diferenças eram gritantes. HIDE vinha de uma família rica e DELFINO de uma família classe média em decadência, cujo destino os levou a Piracicaba-SP, onde o HIDE tinha parentes e passeava regularmente.
Durante um passeio a Piracicaba-SP em que DELFINO tinha sido convidado e estava presente, foi comentado o sonho dos dois. O tio do HIDE conhecia alguém que pertencia ao CPP – Clube de Pára-quedismo de Piracicaba-SP, ligou para essa pessoa e nós fomos convidados a comparecer no Aéro Clube de Piracicaba para conhecer o clube de pára-quedismo que ali operava regularmente.
“Era um fim de semana e estavam em plena atividade de saltos. Foi o mais lindo passeio das nossas vidas. Voltamos a conviver com a expectativa de realizarmos nossos sonhos de saltar de pára-quedas”.
Recebidos com o maior carinho, com a maior atenção pelos pára-quedistas que ali estavam. Como nada é por acaso, convivia nesse meio, um conceituado pára-quedista de nome COSTA FILHO (João Fernandes da Costa Filho), que saltava naquele clube. Morava em Piracicaba-SP, vindo da sua terra natal, Mirante do Paranapanema-SP. 
                            Onde fez cursinho para prestar vestibular para Agronomia. Apesar de ter tentado a ESALQ (Piracicaba-SP), havia acabado de ser aprovado no vestibular para cursar agronomia no campus da UNESP em Jaboticabal-SP, onde não conhecia ninguém e para onde mudaria brevemente.
“Foi combinado um encontro em Jaboticabal (SP), aonde o COSTA FILHO iria nos fornecer o treinamento gratuitamente e assim que estivéssemos em condições de salto, nos traria a Piracicaba (SP) para os lançamentos com a supervisão do FERNANDO FURUKAWA. “Saímos realizados com a expectativa da nova realidade e com o que o destino nos havia reservado”.
SONHO REALIZADO:
O dia D chegou. Inicio de abril de 1.971, DELFINO e HIDE no ar em Piracicaba-SP. Avião Cessna-170, o PT-AFU garbosamente pilotado pelo Cmte. BELO. Do sonho a realidade, graças ao COSTA FILHO, ao FERNANDO FURUKAWA e ao próprio CPP-Clube de Pára-quedismo de Piracicaba(SP) que os acolheu gratuitamente, os filiou abrindo as portas do pára-quedismo. O embrião para a reabertura do CPJ –Clube de Pára-quedismo de Jaboticabal (SP) estava tomando forma.
E ASSIM FOI REABERTO O CPJ:
Durante o período de treinamento dos alunos DELFINO e HIDE ainda em Jaboticabal (SP), conjuntamente com COSTA FILHO foram procurar o Dr. ZENON VARGAS no intuito de reabrir o CPJ, mas o mesmo relutava em não ajudar. “Sentia em nós, como chegou a dizer, aventureiros que vinha contra aos seus princípios conservadores”.
Todo material de salto e documentos do clube estavam em sua posse, pois era o Presidente do Clube com as atividades paralisadas, já que seu filho BODÃO estava cursando AMAN-Academia Militar de Agulhas Negras em REZENDE-RJ. Tudo estava guardado a sete chaves e a única solução foi apelar para a ajuda da sua filha Bethe Vargas, que era conhecida do DELFINO.
A BETHE VARGAS, que também tinha um sonho de saltar, prometeu nos ajudar e pegaria todo material que estava na sua casa, sem que o pai soubesse e nos entregaria e depois a gente iria se entender com ele. Assim marcado, num final de tarde, enquanto seu pai ainda se encontrava no escritório foram com a caminhonete do HIDE até sua casa na Nova Jaboticabal e carregaram todo material de salto. Vários pára-quedas T-7 Semi-automático, com fendas L,LL e duplo L, inclusive  dois confeccionados em seda e um TU-5  comandado e material de dobragem,etc...
A mesa de dobragem que se empregava na época e um armário de madeira estavam segundo ela no aeroporto guardados pelo  ACJ-Aéro Clube de Jaboticabal(SP).
“No dia seguinte nos reunimos e fomos até o escritório do Dr. ZENON, o qual vendo nossa disposição em reabrir a entidade, após um longo sermão acabou cedendo. Sem outra saída e mesmo contra sua própria vontade, ali mesmo redigiu uma ata de reabertura do CPJ, nos desejou boa sorte e nos entregou tudo que tinha documentalmente em seu poder. Assinamos um termo de recebimento do material e compromisso de bem empregar o mesmo em beneficio do prosseguimento das atividades da entidade. Era 03 de maio de 1.971, data de reabertura do CPJ- Clube de Pára-quedismo de Jaboticabal(SP), o inicio”. 
E assim continuaram escrevendo a história do pára-quedismo na CIDADE DAS ROSAS, a ATHENAS PAULISTA,Jaboticabal-SP.
O Aéro Clube de Jaboticabal (SP) acreditando no trabalho dessa jovem equipe, disponibilizou uma aeronave CAP-4, o PP-HJM para saltos, com a qual foi possível formar muito alunos. ”O COSTA FILHO como Monitor e nós como seus auxiliares diretos ( a cada 90 dias o Monitor FERNANDO FURUKAWA, renovava sua autorização de responsabilidade técnica).O CPP- Clube de Pára-quedismo de Piracicaba(SP) e o CPL-Clube de Pára-quedismo de Limeira(SP), emprestaram pára-quedas reserva ventrais de 24FT, pois não tínhamos nenhum para realizar nossas atividades” .
Chegou 16 de julho de 1.971, data de aniversário da cidade e conjuntamente com o ACJ foi realizada uma grandiosa festa de pára-quedismo com a participação também de amigos de Campinas (SP), MIRO e FACCO e outros.
COSTA FILHO acabou concluindo o Curso de Monitor em São José dos Campos(SP) e se tornou o primeiro Monitor oficial da entidade que foi crescendo e tornando-se reconhecida no cenário do pára-quedismo esportivo nacional. 
Com a realização de demonstrações públicas e shows de pára-quedismo em outras localidades foi tomando forma. Em 1.982, com mudança de diretorias sucessivas, os princípios do clube iam contra os princípios dos que haviam reaberto a entidade. Assim ficou resolvido.       “Deixaríamos o CPJ e formaríamos a nossa Equipe, a qual foi denominada “ OS MEDIEVAIS” e em 04 de julho de 1.982 iniciou nossa nova história, com uma entidade atuante até os nossos dias”.