quarta-feira, 7 de outubro de 2009

VIVER É ACEITAR...Serra da Canastra nos aguarde.


O avião, o campo, os amigos e as aventuras.....Os gringos lá e noís aqui........

VIVER É ACEITAR CADA MINUTO COMO UM MILAGRE QUE NÃO PODERÁ SER REPETIDO. VIVA INTENSAMENTE CADA DIA COMO SE FOSSE O ULTIMO DA SUA VIDA. NÃO IMPORTE PELO TEMPO PERDIDO, NÃO IMPORTA O QUE PENSAM OS OUTROS. VIVA O PRESENTE, POIS O FUTURO É HOJE. AMANHÃ SÓ DEUS SABE.
2009 está passando tão rápido que não estamos dando conta que o fim de ano está chegando. Época de férias, época de viagens, época de novos sonhos, novas aventuras, novas amizades sem esquecer-se das existentes. Fase de menino sonhador com forças renovadas para enfrentar um novo ano, cheio de esperanças, expectativas e fé. Janeiro está chegando e com ele mais um aniversario, mais um ano de vida e grande vontade de vencer. Como não consigo parar o tempo, vou com ele.Completarei 56 janeiros e estou feliz.
Planos a serem conquistados, vôos mais altos, paciência, perseverança e compreensão.
Para enfrentar tudo isso vou para onde gosto de estar, a natureza, a serra, o campo, a fazenda e as montanhas e vou com minha companheira de aventuras a Betty. Onde eu possa ir de avião, unindo o agradável prazer do vôo com os bons momentos de confraternização com os amigos. Estar no campo é privilegio de muito poucos, mas trocar a cidade por uma aventura faz com que consigamos viver mais tempo e aceitar a vida como ela é.
Por isso nesse feriadão de 10,11 e 12 de outubro nós vamos voltar a ser criança, vou voar para a serra. A Serra da Canastra-MG, onde meu amigo Cmte. Whayne e sua família têm uma espetacular pousada (http://www.pousadadalimeira.com.br/) e onde iremos reunir com os amigos amantes da aviação, para vivermos grandes momentos de aventuras pela serra.
Serra da Canastra nos aguarde...
OBS: As fotos são ilustrativas. Não são da pista de pouso da Pousada da Limeira do meu amigo Cmte. Whayne.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

COISAS DA VIDA, o PT-BJO....



COISAS DA VIDA
Certo dia chuvoso de um final de semana nos idos e gloriosos anos 80 deixamos nossa casa em Jaboticabal-SP. Eu e a Betty, como costumeiramente fazíamos, chegamos ao aeródromo de Jaboticabal-SP, onde para nosso encanto, encontramos estaqueado no pátio gramado do Aero Clube um lindo CESSNA-170 A super conservado, nas cores verde e branco que garbosamente destacava-se na paisagem chuvosa daquele fim de semana. Naquela época tão remota, nós tínhamos um Cessna-170 A, o PT-BEQ, chamado “BETTY”, que por ser nosso achávamos o mais lindo do mundo, tal o carinho que tínhamos por aquela maquina que nos transmitia prazer e alegria, proporcionando-nos momentos inesquecíveis. Entretanto o Cessna-170 A, verde musgo que estava diante dos nossos olhos tomando chuva, o PT-BJO, chamava muito a atenção por detalhes técnicos, pelo seu majestoso painel remodelado e completo, seu interior agradável e impecável e por uma infinidade de qualidades que o nosso não possuía. Afinal aquele Cessna, o PT-BJO era de família rica, cujo proprietário viemos, a saber depois, era um próspero empresário que estava transferindo-se para a cidade de Bebedouro-SP, onde assumiria elevado cargo de diretor executivo do Grupo Multinacional CARGIL, cujo segmento era o ramo de industrialização de suco de laranja no auge da época.
Em sua viagem para seu novo destino, o mal tempo, cujas condições meteorológicas não eram das melhores na ocasião, fez com que o seu proprietário e piloto, Cmte. Luiz Alberto Gambassi deixa-se a aeronave por alguns dias ali, até que o tempo permitisse prosseguir para sua nova casa em Bebedouro-SP. Naquela época o aeródromo de Bebedouro estava temporariamente localizado na Chácara São Vicente do Prefeito Sergio Stamatto, fazendeiro e também piloto e proprietário de aeronave, cuja propriedade acabou se tornando local publico de acesso para os amantes da aviação e onde se realizava muito shows aéreos. O antigo aeroporto da cidade, remanescente dos anos 30 estava fechado e se transformava em um loteamento popular, enquanto a tramitação para a construção do novo e atual aeroporto da cidade (SDBB) estava sendo concluida.
Como o PT-BJO acabou ficando no aeródromo de Jaboticabal-SP naquele final de semana chuvoso, estivemos visitando e rodeando o avião varias vezes. Em uma delas, cheguei a comentar com a Betty, que jamais conseguiria ter um avião tão equipado, bonito e charmoso como aquele que nos despertou um grande amor a primeira vista. Nós já havíamos adquirido, usufruído e vendido algumas outras aeronaves Cessna, mas de longe era possível imaginar que um dia nossas posses financeiras conseguiriam comprar um exemplar tão conservado e bonito como aquele Cessna-170A que desfilava beleza diante dos nossos jovens olhos. Naquele dia cheguei a dizer em baixo da asa dele, escondendo da fina chuva, que jamais iria conseguir ter um avião como esse e a Betty, minha companheira e incentivadora de todos os momentos, disse que um dia eu conseguiria ter um igual ou melhor que esse. Acho que ela estava adivinhando.
E não é que passado algum tempo, nós havíamos vendido o nosso avião, o PT-BEQ e o proprietário do PT-BJO, avião dos meus sonhos, que nessa altura já o conhecíamos pelas festas de pára-quedismo em que participávamos em Bebedouro-SP, acabou desentendendo-se com seu sócio, o saudoso Cmte. Rubens Nicoletti e resolveram vende-lo.
A oportunidade surgiu num piscar de olhos, COISAS DA VIDA, pois estávamos com o dinheiro na mão. Assim em poucas palavras e pagando a vista o valor que queriam pelo PT-BJO, aquele mesmo avião que um dia conhecemos solitário sob fina chuva no gramado em Jaboticabal-SP veio a ser nosso. Nada acontece por acaso em nossas vidas. O destino havia selado nossa união e foi durante muitos anos o avião que nos deu o pão de cada dia com muita alegria pelo amor que tínhamos por ele. Passou a fazer parte integrante da nossa família.
Convivi boa parte da minha vida de aviador aventureiro, voando e trabalhando com ele. Dois motores se foram ao longo do período em que voamos, mas nunca o abandonei. No momento certo, na hora certa lhe dei um novo coração rejuvenescido para voar alto mais 1.000 horas com muita segurança. Foi meu amigo Ruy Teles, grande e considerado mecânico de aviação que durante todo o período em que o BJO, carinhosamente chamado de “BEJO” nos pertenceu, tornou-se seu Personal Trainer, cuidando da manutenção dessa aeronave com tanto zelo. Foi ele quem fez o ultimo motor, deixando-o zero de novo e dando mais vida para prosseguir voando.
Naquela época das vacas gordas, consegui arrendar a aeronave para a VOARTE- Aerofotos de Londrina-Pr, do Titio João e durante alguns anos voei com ele trabalhando por boa parte do Brasil, fazendo fotos aéreas. Adaptamos um tanque auxiliar de translado com bomba elétrica e assim conseguíamos ficar no ar por mais tempo atingindo longas distancias. Às vezes voando por cerca de 08:00 horas ou mais ininterruptas fotografando sítios, fazendas, industrias, estradas, rodovias, cidades, etc. E assim com o “BEJO” voamos parte do Estado do Paraná, todo Estado de São Paulo, excluindo a capital e grande São Paulo, Minas Gerais e Bahia.
Ficávamos fora de casa às vezes por vinte dias ou mais, deixando o avião distante onde se encontrava e voltávamos de carro para um breve descanso com a família, enquanto o laboratório processava as fotos do trabalho. As pequenas manutenções e as simples troca de óleo de 25:00 horas eu mesmo fazia no mato. A gasolina de aviação (AVGAS) e o óleo lubrificante (Aeroshell W-100) eram transportados em uma caminhonete que tinha um tanque de armazenamento instalado para 1.000 lts, com motorista treinado por nós, o qual proporcionava o apoio de terra, durante as nossas longas e distantes operações fotográficas.
Esse Cessna-170 A foi fabricado nos Estados Unidos em 1954 no mesmo ano em que nasci. Costumava dizer sempre que via sua placa de identificação, que nós pela afinidade nascemos juntos. Eu no Brasil em Jaboticabal-SP onde viemos a nos encontrar pela primeira vez e ele em Wichita-KS/USA. Adquiri com o decorrer do tempo que com ele estive uma habilidade fora do comum em pilotar esse avião, com o qual fazia coisas incríveis, pousando em lugares inacreditáveis que outro C-170 ousaria ir. Certa ocasião pousei em cima da Serra da Canastra-MG, dentro do Parque Nacional em uma sinuosa estrada perto do Curral de Pedra com o Titio João para completar os tanques principais com AVGAS que carregávamos até então em tamboretes de plástico dentro do avião. Isso antes da instalação do tanque auxiliar de translado com bomba elétrica para abastecimento automático em vôo, que facilitou muito nossas operações.
São tantas historias vivida com esse Velho Amigo, que deixou muitas saudades. Como as coisas foram evoluindo, depois de muito tempo tendo essa aeronave no nosso convívio diário, foi com muita tristeza que desfiz desse maravilhoso avião, vendendo-o para um Baiano, que partiu com ele da Oficina de Manutenção do Aéro Clube de Rio Claro-SP para ir puxar faixa de propaganda pelo litoral da Bahia e por lá acabou acidentando-se em uma operação mal sucedida de reboque de faixa, destruindo a aeronave. Acho que ele não teve o mesmo amor que eu tive por essa aeronave, pois nunca mais o “BEJO” voltou a voar. Isso entristece muito.
Só vendi a aeronave e foi contra a minha vontade, por que precisava de dinheiro para completar o montante a fim de adquirir um Cessna-182 F SKYLANE, o PT-CAP, para o qual tinha outros planos, o qual também foi tratado com amor, zelo e carinho por alguns anos, proporcionando-nos também muitos momentos alegres e felizes e com o qual muitas outras historias aconteceram em nossa vida, COISAS DA VIDA....

Aéro Clube de Jaboticabal, ANOS 80.

Vista Aérea do pátio e hangar principal nos anos 80.

Jaboticabal-SP, Cidade das Rosas, no auge dos anos 80, o Aéro Clube de Jaboticabal (ACJ) vivia um intenso movimento aviatório. Boa parte dos seus associados, haviam adquirido suas aeronaves e curtiam os finais de semana no aeródromo local em total confraternização. O ACJ estava com um excelente quadro de alunos e acredito que foi uma das poucas épocas em que se formaram tantos pilotos. Dessa safra saíram grandes aviadores que estão nos mais variados segmentos da nossa aviação. O movimento era geral. Observe pelas fotos aéreas que fiz nos 80, como andava o pátio principal do hangar um do ACJ.
Pena que hoje tudo isso se resume em algumas aeronaves e poucos movimentos. A crise, a situação financeira e o próprio desleixo dos administradores contribuíram pela dormência desse gigante que foi um dia. Recentemente (SET-2009) o aerodrómo foi interditado pela ANAC e o ACJ, que vive do amor de alguns e do saudosismo de outrora está labutando junto a Prefeitura Municipal de Jaboticabal-SP por uma contribuição efetiva, para que o aeródromo seja reaberto novamente. Afinal, o aeródromo municipal é o cartão de visitas da cidade e um local publico para convívio dos habitantes da CIDADE DAS ROSAS e seus visitantes. Essa chama viva que foi um dia palco de grandes Festas aviatórias tradicionalmente ocorridas na data de aniversário da cidade, no mês de Julho, ficaram esquecidas. Mas certamente com o empenho da diretoria jovem do ACJ e com a participação municipal, certamente será novamente palco de grandes acontecimentos aviatórios.
Estou torcendo para que tal situação seja superada e que voltemos a ter aquele espaço tão agradável para novos momentos de lazer e confraternização.