A passagem do tempo pela fotografia é uma das questões fundamentais
das obras visuais. São imagens capturadas muitas vezes sem a mínima intenção e
sem o mínimo valor, mas que com o decorrer do tempo e das circunstâncias, em
que o espaço de tempo avança, muitas vezes ganha o seu mérito e o seu
respeito. Em qualquer sentido da vida, os
acontecimentos são diários, instantâneos e momentâneos e somente o fotógrafo
com sua camara consegue registrar momentos que nunca voltam mais, mas que são
verdadeiros arquivos valiosos.
Vários anos passaram pela árvore do tempo. Passei centenas de vezes
pelo seu túnel de majestosos galhos a meio caminho entre Araraquara e Matão e
em 15 de janeiro de 2012 quando resolvi registrar no meu blogger o significado
daquela curiosa arvore, jamais imaginei que alguém algum dia teria a coragem de
destruir esse Monumento criado pela Natureza. Não sei por quais interesses, se maldosamente
tentaram matar essa figueira centenária que era símbolo, marco de uma passagem
do tempo, ou por puro vandalismo. Pairou a duvida e todos ficaram intrigados
com o que teria acontecido.
Sempre achei que era uma seringueira, mas por ocasião do 1º incêndio,
li em uma reportagem da Revista KAPPA/ Matão-SP, que se tratava de uma
Seringueira, quando a árvore símbolo da ligação Araraquara-Matão foi incendiada
e estava recuperando-se, retornando a vida. Segundo o pessoal do Meio Ambiente
e biólogos, por ser uma seringueira, possui muito látex, o que facilita e
alimenta a proliferação do fogo. Ela proporcionava imagens encantadoras e
incríveis no nascer e no por do sol para os viajantes que partiam de Araraquara,
ou retornavam de Matão estava sucumbindo.
Todos que viajaram e viajam ainda pela Estrada Vicinal que liga
Araraquara/SP a Matão/SP, via Bueno de Andrada e Silvânia se encantavam com
essa árvore. Milhares de viajantes fotografaram esse marco histórico. Felizes
daqueles que tiveram a possibilidade de estar perto das ultimas inovações do
seu tempo, guardando imagens inesquecíveis de alegria e que hoje se resume em
muita dor e sentimento de tristeza. Ela que nos alegrou muitas vezes, hoje tem
seus dias contados. Sofreu dois incêndios. Da primeira vez em agosto de 2013 e não
se soube se foi intencional ou maldoso, mas justamente ágora quando estava
recuperando-se das feridas e quando todos acreditavam que ela iria sobreviver,
mesmo sem os seus garbosos e embelezadores galhos arcados sobre a rodovia, eis
que maldosamente alguém acaba com seu destino, destrói a ultima esperança e o 2º
incêndio acontece de forma muito estranha e inaceitável.
A Árvore do Tempo ou Túnel do Tempo como alguns a chamavam,
consagrou-se quando ganhou forma e passou a encostar seus gigantes galhos de
ponta a ponta na estrada, causando admiração.
Entre muitos viajantes sou um grande admirador dessa obra da natureza,
que marcou muitos passeios na sua temporada e viveu na “Belle Époque”, diante
dos olhares próprios dos curiosos e que hoje está morrendo. Afinal a natureza
criou ao longo dos tempos, coisas memoráveis pelas suas conquistas e
características, onde cada detalhe original é valorizado, mas o homem acaba destruindo... Nesse
sábado/08-FEV-2014 à primeira vista foi difícil fixar o olhar naquele ponto e
ver tal desolação. A charmosa árvore transformada em carvão encheu de lagrimas
nossos olhos.
A excelência como essência da
vida morre, mas vamos ficar com as antigas e lindas imagens que jamais serão esquecidas...
Todos que passam por lá a meio caminho entre Araraquara e Matão ou Matão-Araraquara pela vicinal, acabam ficando tristes e inconformados com o fim daquela histórica Figueira. Manifestações são feitas e pude registrar esse sentimento na faixa ágora ali existente, que chama a atenção de todos os motoristas, os quais em respeito a árvore que morreu, diminuem a velocidade para ler a ultima homenagem,mostrando o amor incondicional pela Figueira.