Jaboticabal-
SP já teve seus dias de gloria. Em Julho de 1967 aconteceu o inesquecível IVº Campeonato Brasileiro de Pára-quedismo.
Foi destaque no caderno de turismo do Jornal O Estado de São Paulo, na sua
edição de 07/Jul/1967 quando circulou a noticia em primeira mão, dos
preparativos para o Campeonato Brasileiro. Nossa cidade já possuía um Clube de
Pára-quedismo, O CPJ – Clube de Pára-quedismo de Jaboticabal-SP, cujos pára-quedistas jaboticabalenses já vinham treinando a algum tempo para participar do Campeonato Brasileiro.
Uma semana antes do acontecimento o Jornal OESP mandou para Jaboticabal-SP
seu enviado especial, o Jornalista: José Luiz
de Oliveira Mello, para fazer a cobertura dos preparativos para o Evento
e no dia 07.07.1967 o Caderno de Turismo, Suplemento do Jornal O ESTADÃO nº 55, circulou
pelo Brasil inteiro noticiando o IVº
CAMPEONATO BRASILEIRO DE PÁRA-QUEDISMO que aconteceria na cidade, a qual estaria completando no dia 17.JULHO.1967, 139 anos.
O Campeonato Brasileiro começaria
no dia 08 e se estenderia até o dia 16/Julho. A cidade já estava repleta de visitantes, os hotéis
completamente lotados, clubes, restaurantes, bares e outros Points da City estavam
repletos e as Delegações de Pára-quedistas iam chegando e tomando
conta da , que queria olhar para o céu.
O aeroporto totalmente reformado estava lindo. Muito ronco dos 2 aviões Cessna-195, com seus estridentes motores radiais. Tudo pronto e preparado com
o apoio da Prefeitura Municipal e do Aéro Clube. Havia sido planejada toda a
infraestrutura, com a orientação da UBP –
União Brasileira de Para-quedismo, que mandou seus dirigentes para
Jaboticabal-SP, auxiliando na organização do evento. Nunca antes algo daquela
categoria havia sido realizado.
. Naquela época eu tinha 13 anos e já circulava
em minhas veias o sangue pela aviação. Lembro-me que estava no CINE MUNICIPAL, onde
havia um painel. Desenho com a frente de
um avião Teco-Teco onde uma hélice aeronáutica de madeira girava lentamente
impulsionada por um motor elétrico, que certamente foi trabalho do Totó e do
Mané Kilowat. Era o mesmo desenho do cartaz alusivo ao IVº CBP que foi
distribuído pela cidade naquela época. Numa certa noite, com os amigos de
infância, antes de entrar para uma sessão cinematográfica, como era de costume
tomávamos um tradicional copo de suco de laranja, no barzinho existente na
entrada do cinema, quando encontramos lá o Totó com o Jornalista do Jornal OESP. O porteiro do Cinema era o Sr. Trinca e quem vendia os bilhetes era o Juca....
Como ele estava visitando a
cidade para anotar no seu Caderno de Turismo os pontos atrativos, no outro dia
por mero acaso acabei encontrando o mesmo jornalista no CLUBE JABOTICABAL, dessa vez junto com o BETO MERENDA, que entre outros
jaboticabalenses, além de piloto privado era um dos integrantes da Equipe de
Pára-quedismo de Jaboticabal-SP naquela época, formada anos antes pelo
incentivo do ACJ, que contratou o instrutor de pára-quedismo francês BERTHRAND e seu auxiliar o TATÁ, que se não
me falha a memória era parente da família Avelino Geraldis.
Uma fatalidade que marcou o IVº Campeonato Brasileiro de Pára-quedismo em Jaboticabal-SP, foi o trágico acidente automobilístico na via de acesso ao aeroporto, onde acontecia o Campeonato. Vários familiares da Família Tódaro que estavam em uma Kombi, vindo a colidir com outro veiculo, perderam a vida na entrada do aeroporto.
Eu
ainda um adolescente tive o prazer de conhecê-los e guardo boas lembranças
dessa dupla que incentivou e que impulsionou o esporte do pára-quedismo na minha querida "CIDADE DAS ROSAS". Foram meus ídolos, meus heróis...
Os
comerciantes da nossa ATHENAS PAULISTA, CIDADE DA MUSICA e CIDADE DAS ROSAS se
uniram e colaboraram com o IVº CBP e graças a essa ajuda a cidade viveu intenso momento turístico, com ao chegada de
visitantes e dos pára-quedistas do Brasil inteiro. Estavam por todos os lados,
além do Campo de Aviação e após o encerramento das atividades de salto lotavam a Cantina
Capri, Biondina, Progredior, Petisqueira, Luso-Brasileira e outros points. Houve uma integração popular, coisa maravilhosa. As garotas da época rodeavam os pára-quedistas. Muitos bailes aconteceram na cidade.
Sabe
por que eu amo tanto essa cidade, onde nasci, cresci e me formei. É justamente
por ter vivido intensamente esses áureos momentos de gloria. Pena que
esses momentos dourados não voltam mais. O conjunto OS BOLSISTAS estavam no
auge e sempre que podia ia ao Clube Municipal vê-los nos ensaios.
Posso
dizer que tive o prazer, a satisfação e a glória de ter vivido esse tempo maravilhoso.
Durante os dias que antecederam o IVº Campeonato
Brasileiro de Pára-quedismo, com os saltos de treinamento dos pára-quedistas,
para reconhecimento da área e mesmo durante a competição o Astro Sol ajudou
bastante e dois aviões Cessna-195 com seus motores radiais agitou o céu da
CIDADE DAS ROSAS, com estridente ronco.
Eram eles o PT-ABZ do Grissi (Domingos Grissi) e o PT-BIK do Bicho de Pé (Moacyr Antunes Mendonça), que vieram de
São José do Rio Preto-SP, para dar suporte técnico nos lançamentos. Foram dias
de muita festa e muitas glorias. O Campo de Aviação ficava lotado e aquilo para
mim era incrivelmente maravilhoso. Naquele momento descobri que um dia seria um
pára-quedista como aqueles ídolos que ali estavam, com os quais convivi e não foi diferente.
Nada
é por acaso, em 1971 estava eu lá em cima, havia me tornado pára-quedista,
inspirado nesses pára-quedistas de 1967. Só que desta vez no céu de
Piracicaba-SP, realizando meu 1º Salto de pára-quedas. Em seguida, iniciando
minha carreira na aviação em 1972.
Boas lembranças, grandiosos e inesquecíveis
dias...Precisamos saber descobrir o que existe de bom, verdadeiro e belo em
cada fase de nossa vida. Acho significante olhar para trás, pois estimula nossa
existência terrena. A verdade que toda parte de nós, da nossa existência teve
todas as idades. As idades de incerteza, de glorias e de conquistas.
Saber
ser criança quando é apropriado ser criança. Ser jovem quando o momento é jovem
e Velho que sabe das coisas, quando é apropriado ser um Velho Sábio.
Sou
tão feliz que consigo relembrar tudo que foi e imaginar tudo o que posso ser ainda. Eu vivi esses momentos
especiais. Fui um cara de sorte. Assim não tenho inveja de ninguém na fase em
que está hoje, pois já tive todas as idades...percebeu?
A vida é cheia de
pequenos milagres...Boa sorte a todos, Sonhar e realizar os Sonhos faz parte das nossas vidas .Você pode !
Delfino, que surpresa encontrar esta página. Acabei encontrando por buscar o nome de um vizinho nosso em Jaboticabal, o Ernesto Biancardi. Ele era vizinho mesmo, morava na casa ao lado... Ele faleceu acho que em 1979. É a primeira pessoa que lembro ter a noção do que era a morte. Ele tinha uma Belina vermelha, se não me engano... Outra coisa que foi surpresa para mim: Em todos estes anos, eu SEMPRE pensei em você como Araraquarense! Nunca soube que era também de Jaboticabal. Grata surpresa! Um forte abraço Delfino. Daniel Coartarelli
ResponderExcluirOlá! Minha mãe foi uma das sobreviventes desse grave acidente em 1967. Você teria algum jornal ou recorte com essa noticia?
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