sábado, 12 de janeiro de 2019

De volta ao passado !

Sou da safra de 50, de linhagem pura, de aroeira e duro na queda.. Quando comecei a entender as coisas, descobri que tinha um sonho, uma vocação que acredito ter nascido comigo. No fim dos anos 60, eu ainda garoto já era um assíduo frequentador do Campo de Aviação do Aero Clube de Jaboticabal-SP/ACJ , minha Terra Natal. Fiz daquele lugar o meu cantinho de lazer. De uma forma ou de outra, consegui realizar graciosamente alguns voos locais, com os pilotos daquela época que praticamente voavam quase todos os fins de semana, por lazer e amor. 
Verdadeiros passeios panorâmicos pela região. Não foi fácil em um tempo um tanto difícil, mas com muitas oportunidades. Ajudei a lavar muitos aviões nos fins de semana, varrer o hangar, molhar as árvores em troca de alguns voos inesquecíveisO meu primeiro voo aconteceu com o saudoso Cmte. Ovilson Carnio nos fins dos anos 60, pilotando o monomotor Piper Cherokee-140, o extinto PT-DDW, o qual acabou depois em um grave acidente naquela época, vitimando a morte do Cmte. Beto Merenda na lagoa da Usina São Martinho em Pradópolis-SP. 
Voei também com o Manoel Gonzáles, o conhecido Mané Kilowat, cujo apelido vinha do seu trabalho na manutenção de motores, transformadores e demais equipamentos elétricos naquela ocasião. Tive a sorte e o privilegio de voar também com os saudosos instrutores de Monte Alto-SP, Cmte. Ivo Álvaro Thiezerine, que guardava seu "Cessna-140 PP-DYT" e o "Red Bird Stinson PP-DUC" no hangar do ACJ, bem como com o Cmte. Izidoro Nunes que praticamente todos os finais de semana estava por lá, muitas vezes com sua KOMBI CAMPING .
 Voei também com o meu ídolo na época, Instrutor Ernesto Elvino Biancardi, o qual depois de muitos anos, em 1979, foi um dos meus Instrutores no Curso de Aviação Agrícola no extinto CAVAG do CENEA- Centro de Engenharia Aeronáutica na Fazenda Ipanema em Iperó -SP. Tempos bons, inesquecíveis momentos, que foram gloriosos fragmentos da minha vida de garoto sonhador.
Tudo era muito romântico e nostálgico, estar com o pessoal daquela aviação dos Anos Dourados das nossas vidas. Admiráveis homens e suas máquinas voadoras. Foram tantas as emoções. Em certa ocasião surgiu no Campo de Aviação um ex-Comandante da REAL  AEROVIAS aposentado, que foi transferido para Jaboticabal-SP, para tomar conta da Coletoria Estadual. Era o Cmte. Almeida, um verdadeiro cavalheiro alado de uma finesse acima do comum, para com os pilotos amadores existentes ali. Adorável escutar suas histórias no Por do Sol lá do ACJ. Nossos heróis aventureiros que faziam a aviação com amor, dedicação e muito carinho. Aquele Campo de Aviação tinha tanta vida, um ar bom, acho que até um tanto misterioso. Pena que as câmaras fotográficas daquela época não tinham o poder de hoje, pois eram ínfimas suas qualidades de resolução e captação, ainda que mesmo em Branco& Preto ou com as primeiras Kodaks Estamacolor coloridas consegui captar alguma imagem sem mesmo ter me preocupado quanto a sua importância no futuro. Economizei muitas películas, pois o dinheiro era muito curto e havia outras prioridades.




Mesmo assim não deixei de registrar boa parte desses acontecimentos épicos. Fiz muitas fotos aéreas da nossa querida Jaboticabal, a inesquecível "CIDADE DAS ROSAS", onde boa parte de sua história presenciei no convívio da minha família e dos meus amigos daquela época. Assisti ao ultimo filme apresentado no saudoso CINE POLYTEAMA, “O CORVO”, cujo filme termina em um grande incêndio num Castelo e na madrugada do dia seguinte mal imaginávamos que o CINE POLYTEAMA fosse envolvido em um trágico incêndio que colocou fim no seu destino, tendo sido totalmente destruído pelo fogo incontrolável. 

Voando no CAP-4 PP-HJM com o Cmte. Mané Kilowat, consegui fazer na teimosia algumas fotos aéreas da City com meus ínfimos recursos, utilizando minha câmara fotográfica não apropriada para cenas aéreas. E assim vivenciei a construção do Ginásio de Esportes batizado “O Botinão” em homenagem ao Prefeito Alberto Bottino, bem como a construção da Praça 9 de Julho no Centro Comercial e da "Concha Acústica". 


Lembro-me da Sorveteria Iris, do Bar do Agostinho 24 horas no ar com o melhor Bauru de Carne da região, do Bar do Japonês com o tradicional Lanche de mortadela na chapa, da Panificadora Lusa Brasileira, da Mercearia e Panificadora ValentiPanificadora BerchieriNhocancerFoto AlexandreFoto FujiFoto Studio Pepito RamiCasa PavanelliChaveiro GalvadãoCasa CapputoLojas PigalliDe Bonis com sua saborosa groselha e vinagre Oriental, JoagarTonaniIndústria de Macarrão VeradinoCasa NitoCasa MurakamiPaulo Enoki Secos e molhadosCasa LerroLa Biondina com suas típicas batidinhas, do Bar do Perillo, do Café Piemonte, do Cine Municipal e Rivoli, da A Petisqueira, do Conjunto OS BOLSSISTAS, dos Jornais O DEMOCRATA onde comecei escrevendo minhas primeiras reportagens e crônicas, do Jornal O COMBATE, da Agremiação Gomes Puchini, do Prédio dos Padres, do Restaurante ProgrediorMasgagni, do extinto Clube Jaboticabal e de muitas coisas marcantes nesse período de transformação. "CIDADE DAS ROSAS", quem te viu, quem te vê.

Pena que tudo isso muito bonito e glamoroso não tenha o reconhecimento dos atuais dirigentes dessa mega cidade que foi um dia  cenário dos grandes e gloriosos acontecimentos, que só os antigos moradores podem testemunhar com saudades daqueles bons tempos de liberdade.
É muito triste ver esse Campo de Aviação, esse mesmo local onde foi um aeroporto, que acabou se transformando em um aeródromo e que por certos trâmites e incompetências de alguns aliados a desentendimentos particulares acabaram deixando interditar por um bom tempo esse espaço cultural, cartão de visitas da cidade, palco de grandes acontecimentos que marcaram história de uma cidade pioneira. Entretanto hoje, novos dirigentes municipais, aliados aos amantes da nossa aviação e daquele aeródromo o local vai vagarosamente tomando vida e o publico volta a frequentar aquele harmonioso espaço. Contamos com um restaurante que atende aos interesses de todos.
Daquele Campo de Aviação, quintal da minha casa, partiram e chegaram muitos aviões carregando esperanças, trazendo vida, conquistando os corações, incentivando os jovens aviadores, homens de hoje que ainda amam aquela terra. Aquele lugar nostálgico, foi um verdadeiro palco de grandiosas festas aviatórias, com grandes apresentações que era tradição no mês de julho, na data de Aniversário da "CIDADE DAS ROSAS". Por lá passou nossos heróis aviadores, nossos ídolos que acabaram esquecidos por muito.
Foi lá nesse clima de tantas aventuras que os jovens se inspiraram para conseguir o sonho de cada um, ser Aviador.

4 comentários:

  1. Tempo bom,sinto saudades,frequento o aeroporto a 46 anos,amo de mais este lugar,sinto orgulho em organizar festas aviatorias,com certeza com a pavimentação da pista o aeroporto volta ter seu lugar em grandes eventos aeronauticos.

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  2. Excelente!!!
    Tenho orgulho em ter crescido nesse campo de aviação, ter tido o prazer em conhecer grandes pilotos como vc e muitos outros
    Espero em breve poder fazer alguns pousos na cidade das rosas 😄Matheus.

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  3. Lembro -me bem desse tempo e das festas com a esquadrilha da fumaça. Dos paraquedistas e do aeromodelismo com cabo de aço.

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