Morava em uma casa cedida pela empresa, na Fazenda Boa Vista dos Ingleses, Bairro Toriba em Matão-SP e a aeronave ficava baseada em Araraquara-SP, naquela época SSAK, hoje SBAQ. O mesmo hangarzinho de madeira que foi da Construtora Igaraçu Ltda, onde comecei a voar como Comandante entre 1974 a 1976, cujo velho hangar antes pertencia ao Sr. Edmundo Lupo.
Matão tinha pista de pouso, o SDLY, cuja área do Campo de Aviação foi cedido pelos ingleses para a Prefeitura Municipal de Matão-SP, mas os hangares
estavam começando a serem construídos. Os proprietários da Sociedade, Indústria
e Comércio de Frutas Matão Ltda eram: Orlando José Scutti, Salvador Scutti e Milton
Groppa Aquino. O Miltão era quem cuidava da abertura e dos negócios da fazenda. Era
um grande companheiro, um verdadeiro amigo. Variavelmente também utilizava
aquele aeródromo publico. Quando não estava voando para a Rondônia, onde a
empresa havia adquirido uma Gleba de Terra e estava abrindo uma fazenda, explorando parte da madeira, que era obrigatório e por lei ser desmatada. Fazia também quase que regularmente, voos de malotes para São Paulo-SP destino ao Campo de Marte pelo menos duas vezes por
semana, onde a empresa mantinha no CEASA uma distribuição de laranja e limão. Paralelamente, muitas segundas-feiras levava com o Centurion a filha de
um dos patrões, que estudava Odontologia em Mogi das Cruzes-SP, e ia buscá-la
nas sextas-feiras utilizando o aeródromo Hiroy em Biritiba Mirim-SP.
Devo muito ao Milton, Orlando e ao Salvador, que custearam todo meu treinamento na aeronave Centurion-II PT-KHF, pois naquela época os aviões que recolhiam o trem de pouso eram considerados do "GRUPO B" e havia necessidade de treinamento para receber a credencial, segundo exigências do DAC - Departamento de Aviação Civil que era o gestor da aviação em geral no Brasil. Fiz todo treinamento no próprio avião da empresa que iria voar, com a supervisão do Instrutor de Voo: Alvaro Ivo Thiezerini de Monte Alto-SP , que voava na época um Centurion igual, pertencente ao Armador Sr. Félix de Matão-SP.
Devo muito ao Milton, Orlando e ao Salvador, que custearam todo meu treinamento na aeronave Centurion-II PT-KHF, pois naquela época os aviões que recolhiam o trem de pouso eram considerados do "GRUPO B" e havia necessidade de treinamento para receber a credencial, segundo exigências do DAC - Departamento de Aviação Civil que era o gestor da aviação em geral no Brasil. Fiz todo treinamento no próprio avião da empresa que iria voar, com a supervisão do Instrutor de Voo: Alvaro Ivo Thiezerini de Monte Alto-SP , que voava na época um Centurion igual, pertencente ao Armador Sr. Félix de Matão-SP.
Relembrar e falar desses voos chega a ser até inacreditável por mim
mesmo, principalmente por voar em um tempo sem muitos recursos, no "Arco e
Flecha" e no "Pau e Bola". Decolar a noite quando os aviões monomotores ainda
estavam proibidos de voar noturno e IFR aqui no Brasil. E era assim que funcionava, decolagem
noturna as 04:00 da matina de SSAK/Araraquara.....percorrer 1.200 Km até Cuiabá-MT
em 04:00 hs de voo, só na bussola e no ADF. Quando os funcionários estavam
entrando no escritório da empresa em Matão-SP, estávamos pousando em Cuiabá-MT,
cumprindo a primeira etapa da viagem. O curioso Plano de Voo era chamado de Ficha 227, muito simples e objetivo...
Depois o trecho ficava pior e com menos apoio, mas era visual. Cuiabá – Vilhena/RO, Vilhena - Pimenta Bueno/RO. Pimenta Bueno era nossa base operacional para ir para a gleba. De lá voava para Espigão D'Oeste, pousava em uma rua, guardava o avião no quintal da casa do responsável pela gleba e de lá com seus cavalos, íamos levando mantimentos e outros apetrechos por entre o mato em picadas, atravessando riachos, até onde a fazenda da empresa estava sendo aberta. Dormíamos em redes, tomávamos banho no rio e comíamos alguma caça, sobrevivendo também por dias com os mantimentos que levávamos.
Finalmente de Vilhena-RO até Pimenta Bueno-RO a coisa era mais mansa, a BR-364 era um tremendo apoio.
Depois o trecho ficava pior e com menos apoio, mas era visual. Cuiabá – Vilhena/RO, Vilhena - Pimenta Bueno/RO. Pimenta Bueno era nossa base operacional para ir para a gleba. De lá voava para Espigão D'Oeste, pousava em uma rua, guardava o avião no quintal da casa do responsável pela gleba e de lá com seus cavalos, íamos levando mantimentos e outros apetrechos por entre o mato em picadas, atravessando riachos, até onde a fazenda da empresa estava sendo aberta. Dormíamos em redes, tomávamos banho no rio e comíamos alguma caça, sobrevivendo também por dias com os mantimentos que levávamos.
Hoje nem acredito que fazia isso sem se
preocupar com nada e confiante, talvez fosse a idade arrojada e cheia de
desafios sem pensar nos perigos e no medo. Acho que voar naquela época era uma
grande Aventura para um jovem inexperiente, mas cheio de vontade. E assim foi minha caminhada na aviação,
aprendendo a confiar nos instrumentos que tinha e que os mais velhos e mais
ousados me ensinaram como funcionava. Quando iria imaginar nas facilidades
de hoje com o advento do GPS, jamais!
Aprendi a acreditar na bussola, no cronometro e no horizonte artificial e alguns cálculos primários de navegação com o computador de voo manual Jepessen E6B. Aprendi a voar ADF na marra, IFR foi entrando e saindo de nuvens e estudando muita meteorologia no Manual do Farid Ched/ Grande meteorologista, usando o Atlas de Nuvens e Observação na superfície.
Aprendemos um pouco de Morse, para tentar identificar os indicativos
de ADF e o Código Q, o mesmo que utilizavam os radioamadores para nossas
comunicações. QAM era o Boletim meteorológico um tanto demorado, QAP era estar
na escuta, QRM era interferência na radiocomunicação, QRV era estar a
disposição e assim por diante, iam descortinando o código Q nas mensagens radiotelefônicas.
De Cuiabá para Vilhena-RO o ADF ajudava
bastante. Voava com o ADF no QDR (ponteiro do indicador apontando para cauda da aeronave) até o sinal ficar fraco e
ir sumindo com o distanciamento da aeronave de Cuiabá-RO. A seguir permanecer
no curso, confiando na bussola e no tempo remanescente estimado, passando a
escuta do radio VHF na frequência 126.70 Mhz da Estação da FAB em Vilhena-RO,
que facilitava a navegação gratuitamente com o serviço de Recalada, o que
consistia em uma contagem de 0 a 10 pausadamente com o PTT do radio acionado
continuamente e assim ao receberem o sinal pela intensidade conseguiam
determinar a posição da aeronave e guiar a navegação informando algumas vezes o
nosso novo curso em graus de desvio pela bussola.
Ao pousar em Vilhena –RO ia direto até a
estação da FAB agradecer o operador, nosso Anjo. De Pimenta Bueno-RO pouco apoio
que tínhamos para determinar a navegação era a BR-364 de terra que na época das
chuvas era um terror para os caminhoneiros e os ônibus. Aviões lançavam cargas de alimentos
para eles quando ficavam sitiados ao longo da cruel estrada. O pessoal do Exército também ajudavam com seus equipamentos em uma verdadeira operação humanitária.
Finalmente de Vilhena-RO até Pimenta Bueno-RO a coisa era mais mansa, a BR-364 era um tremendo apoio.
Ficávamos em um único e pequeno Hotel, onde
era feito contato com os responsáveis pela gleba, que cuidavam da área
determinada para a empresa. Em Pimenta Bueno era também planejada a operação da viagem, com compra de mantimentos, munição
para defesa e caça, etc... A seguir decolávamos para Espigão D'Oeste-RO, onde se iniciava a
partida por terra com auxilio de cavalos até a gleba. Geralmente ficávamos vários
dias hospedados na casa de madeira feita de tabuas confeccionadas com moto-serra.
Muitas vezes voávamos para Cacoal, Presidente
Médici e Ji-Paraná. Quando havia uma folga gostava de ir até a tribo indígena em Riozinho
ver os índios ou até o Rio Ji-Paraná, onde era pura diversão. Certa vez um
piloto deu um raso no rio com seu C-198 Skylane, onde havia o cabo de aço da
balsa que acabou não vendo, impedido pelo forte sol e acabou colidindo. Se não
me engano houve apenas um sobrevivente que estava no avião. Coisa terrível que acabou ocorrendo por imprudência e brincadeira. Em Espigão do D'Oeste-RO achava curioso o cemitério, onde plantavam cereais entre os túmulos. Devia ser arte do coveiro.
O PT-KHF ficava baseado também boa parte do tempo, no Campo de Aviação
de Pimenta Bueno-RO aos cuidados do guarda campo que zelava pelas aeronaves , pois morava
lá mesmo no aeródromo.
Foram tantas e tantas viagens, memoráveis
e históricos voos. Na época das férias escolares o Miltão aproveitava aviagem para
levar os seus garotos e sobrinhos( Miltinho, Dudi, Rudinei e outros) que
residiam em Matão-SP, para conhecer a Rondônia e voávamos por lá. Era
maravilhosa a companhia dos garotos se aventurando e descobrindo a Selva. Passamos
bons momentos juntos. Fizemos grandes incursões pela Selva, com auxilio dos mateiros, tomávamos banho nos riachos, pura adrenalina. Era impressionante o tamanho das Castanheiras, parece que atingiam o céu. A noite o céu límpido ficava repleto de estrelas. Milhares delas até o horizonte. Um verdadeiro espetáculo.
Velhos Tempos, Lindos Dias !
Conheceu o piloto Nilton Afonso de Queiroz, que desapareceu num voo?
ResponderExcluirSou Sidnei de Oliveira! Conheci o Nilton Adolfo de Queiroz ele morava em Pimenta Bueno e era casado com uma das filhas do Sr Laurindo Manzoli que era proprietário do cinema de Pimenta Bueno e era cliente do Bradesco onde trabalhei de 1.980 a 1987 e que era proprietário da aeronave citada nessa matéria que bateu no cabo de aço da balsa com seu piloto e o Sr Germano José Filho (proprietário do Restaurante e rede de Hotéis Araguaia onde eu trabalhava na época do acidente) onde vieram a falecer e o Sr Clemente que sobreviveu ao acidente (proprietário de uma loja de Móveis ) quando em um domingo estavam voando a passeio com rasantes no rio Apediá.
ResponderExcluirEu sou sobrinho do Nilton ,ele é irmão da minha mãe.
ResponderExcluirTio Nilton era casado com a tia Dejanira.
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