segunda-feira, 30 de outubro de 2017

ESSE CARA FUI EU !

Só estudei em Escolas Publicas. Sou da Velha Guarda, dos tempos da ditadura, onde existia medo, respeito, responsabilidade, educação. Hoje esses fatores foram por água abaixo.
Estive na corda bamba varias vezes e quase tomei pau em algumas matérias, mas com muita audácia, dedicação, perseverança e ajuda dos meus pais consegui superar toda essa fase, brigando pelos meus direitos e pelo meu lugar ao sol...Descobri que tinha nascido para voar por vocação e era isso que eu queria!
Tive a sorte de ter naquela época grandes mestres. Magistrados dedicados, perseverantes e severos que exigiram o máximo não só de mim, mas dos meus amigos e amigas de classe. E quase espanamos, mas conseguimos sair sobreviventes dessa catástrofe didática.
Nunca estudei tanto com as minhas dificuldades no ginasial, quando cobravam da gente, inicialmente o Frances, o arcaico Latim e o inovador Inglês. Acho que perdemos tempo... O Latim era para entender a religião e fazia parte das missas, o Frances sabe lá para que servisse. Acho que era para entender os aviões, minha praia... Afinal foi na França que o nosso querido Santos Dumont deu um impulso relevante e histórico para a aviação. Avião tinha Palonier/Leme e outros comandos que os velhos gostavam de pronunciar em frances, e a navegação era traçar um CAP.... E assim vivemos nossos lindos dias. Anos Dourados da nossa infância, adolescência e juventude. 
                               ACJ - Anos 40. Inicio do Aéro Clube de Jaboticabal-SP.
Naquele tempo o ACJ - Aéro Clube de Jaboticabal-SP bombava . Era o cartão de visita da Cidade das  Rosas, onde nasci e ali mesmo naquele lugar tinha um grande e querido Instrutor de Vôo chamado Ernesto Elvino Biancardi, que ensinou a turma dali a voar, realizando cada qual seu sonho. 

Não tive a oportunidade de voar com ele enquanto esteve a frente da instrução do ACJ, mas convivi com ele. A convite do Ministério da Aeronáutica e do Ministério da Agricultura que mantinham o único curso de formação de pilotos agrícolas no Brasil na Fazenda Ipanema em Iperó-SP, ele deixou o ACJ para auxiliar na formação dos Pilotos Agrícola, onde terminou garbosamente seus dias.
Como tudo nessa vida passa, em 1979 tive o prazer de ser seu aluno no XIIIº CAVAG - 2ºTurma de onde saí formado e pronto para exercer as funções de PILOTO AGRÍCOLA,  em cujo segmento fiquei por 10 anos, até 1989, quando tive um convite irrecusável e voltei para a Aviação Executiva, onde permaneço até hoje.










                              XIIIº CAVAG - 2ªTURMA 1979, FAZENDA IPANEMA.
Chegamos onde chegamos graças ao nosso esforço, vivendo em uma época aonde havia muita incertezas e as informações eram poucas e precárias. Bem antes do FAX, no tempo dos telegramas, das cartas.Nosso meio de ligação era os Correios, amados carteiros das nossas ruas sempre com bem vindas e esperadas noticias.
Hoje as coisas mudaram  e ainda estamos aqui. O que parecia simples naqueles Anos Dourados das nossas vidas se tornaram complicados. Saudoso DAC - Departamento de Aviação Civil onde iniciei os primeiros passos, onde tudo era simples e funcional, onde aviador conversava de igual para igual com aviador. 


Se tínhamos um mapa Esso,  uma bussola, um relógio, um transferidor de 360º e uma régua íamos onde queríamos. Hoje chego a não acreditar que voei para onde voei desse jeitão.Nem imaginava que um dia teríamos os computadores e o GPS para nos auxiliar com extrema precisão. É o tempo passou, sobrevivemos voando Arco e Flecha e hoje estamos aqui para contar nossas histórias,nossas peripécias, nossas agradáveis  aventuras.

Os cabelos ficaram brancos, os anos se passaram nem sempre em nuvens brancas, mas sobrevivemos. Amigos milhares por esse Brasila fora fizemos e nossosnomes são respeitados até hoje. Esse é o maior tofeu que a vida nos concedeus e a vida que Deus nos deu efizemos jús a ela com honestidade, presteza, dedicação. Por onde passamos deixamos a nossa marca registrada como aviador de um tempo maravilhoso e cheio de charme que não volta mais.


Chegamos onde chegamos graças ao nosso esforço, vivendo em uma época aonde havia muita incertezas e as informações eram poucas e precárias.
Ontem ainda criança, olhava para o céu cheio de esperanças de que um dia seria um aviador, igual aqueles que sobrevoavam a minha cidade. Os primeiros que eu vi eram os pequenos Teco-Teco amarelos, que coloriam o céu com seus motorzinhos de 65 a 90 HP e os estridentes North American T-6 Texan de treinamento, com seus motores radiais de 9 cilindros e 600 HP da Escola de Aeronáutica de Pirassununga-SP, que por vezes apareciam pela CIDADE DAS ROSAS e pousavam no Campo de Aviação local. Eram eles cor de laranja e ostentavam a insignia da FAB. 

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