quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

CRONICAS EM DOIS TEMPOS...


































































Meu querido amigo Cmte. JUCA FERNANDES, proprietário da REVISTA FREQUENCIA LIVRE e do seu avião EMB-Corisco “O PERDIGUEIRO” é um cara tão excêntrico que já conseguiu entrevistar o SANTOS DUMONT em suas cronicas jornalísticas indo ao além das coisas terrenas ( ver Revista Freqüência Livre nº55/DEZ2010). O JUCA como gosta de ser chamado é tão gente boa, tão liberal e objetivo. Por ser sincero e verdadeiro no que escreve às vezes magoa muita gente e acaba mexendo em verdadeiros enxames de abelhas africanas, citando os órgãos responsáveis que gerem nossa aviação.
Afinal TECO-TECO sempre foi um aviãozinho, mas o meu TECO-TECO era amarelinho como um canário e como todo canário era elegante e voava muito bem. Vi quando ele saiu do ovo, recém construído. Meu TECO-TECO conversava com os outros aviõezinhos no hangar e acabou ficando amigo de todos. Eu me orgulhava dele desde o nascimento e como todo pai, me sentia feliz e realizado. Meu TECO-TECO haveria de aprender a voar comigo desde as primeiras corridas pela pista de terra e assim foi enquanto gatinhava e arriscava as primeiras ascensões. Senti que ele seria capaz de voar muito longe, muito alto e ser livre, pois tinha um vigor nas suas novas asas e no seu coração novinho em folha. No hangar onde brincava, aprendeu com os outros aviões o sentido do vôo, sua elegância, seu glamour, escutando as histórias que os mais velhos contavam. Na escola da vida cheia de aventuras, na sala de aula desse maravilhoso céu sem limite, estudou a arte de voar para onde quiser e assim o meu TECO-TECO aprendeu logo que a vida era uma gostosura e que voar era uma das coisas mais lindas. Cresceu, chegou a hora de voar, partindo para a liberdade e me levando para conhecer parte dos mistérios do céu azul. Liberdade é fazer aquilo que a gente quer muito, sonho de criança que olhando desde pequeno para o céu sonhava em voar, ir até as nuvens ver se elas eram molhadas. Descobrir como elas faziam chover nas nossas cabeças, achando que as nuvens eram felizes quando viravam chuva.
Meu TECO-TECO nasceu na CIDADE DAS ROSAS, um belo jardim naquela época e só poderia ser feliz como eu, tendo nascido entre flores cheias de perfume, passarinhos e um lindo campo de aviação com um céu repleto de nuvens amigas e muito sol. E assim durante longos anos voamos juntos curtindo os finais de tarde no por do sol e quando possível nos finais de semana decolávamos cedo num Puf-Puf do motorzinho de 65 HP, cruzando sorrateiramente os caminhos do céu, vendo o nascer de um novo dia, a esperança de um futuro melhor e alimentando os nossos sonhos. Éramos felizes por voar, voar longe e bem alto. Às vezes arriscávamos uns rasantes entre as árvores, espantando os passarinhos e dando um tchau.
O tempo voou rápido e agora só ficou a saudades.
Ele cresceu e partiu depois de 98 horas de vôo, deixando o meu lar para viver novas aventuras em outra família que o acolheu com muito carinho e amor. Achava que nunca mais iria ver meu querido TECO-TECO, mas como o mundo dá muitas voltas, numa dessas encontrei com um amigo no NINHO DAS ÁGUIAS, no Aeródromo Eldorado em Atibaia-SP, que me garantiu que o meu TECO-TECO está lá guardado e que não voa já à algum tempo. Deve ter sido aposentando pelo seu novo dono, mas suas asas foram cedidas para seu irmão, outra aeronave similar e continuam voando. Durante três vezes que estive no VALE não consegui encontrar ninguém da família do meu TECO-TECO para abrir o hangar e me deixar conversar com ele, beijar seu Spiner e dizer quão grande é minha saudades.
A vida é assim. A aviação também tem seus contos de fadas...

Um comentário: