Perdemos um grande amigo...

A vida prega cada peça na gente que às vezes abala nossas estruturas psicológicas e emocionais, quando indagamos o porquê certas coisas inesperadas acontecem e são difíceis de serem explicadas e aceitas. Estávamos no ultimo fim de semana de maio (29 e 30/MAI 2010) participando do 1º Encontro de Amigos da Aviação do Vale dos Dinossauros em Uberaba-MG, na inauguração da pista de pouso na fazenda do amigo Cmte. Lênin, amante da aviação experimental.
A Betty estava com o meu celular e no domingo 30 de maio na hora do almoço,recebeu uma ligação do amigo Cmte. Fabrício Ramos de Araraquara-SP. Era uma triste noticia. Um trágico acidente no sábado (29/maio) a noite havia ceifado a vida do nosso amigo, o querido Capitão Sergio Ricardo dos Santos, aos 38 anos de vida. Morreu ao capotar a sua caminhonete na estrada vicinal que liga Jaboticabal ao distrito de Ibitirama. Segundo os colegas do Corpo de Bombeiros, ele estava retornando a Jaboticabal, junto com dois amigos os quais ficaram feridos e teria se distraído ao mexer no GPS do carro. Tendo caído no degrau da pista e perdido o controle da caminhonete, que capotou varias vezes, foi arremessado fora do veiculo e morreu na hora. Sérgio como era conhecido nasceu e foi criado em Araraquara, mas morava com a esposa em Jaboticabal-SP. Conheci o Sergio por intermédio do amigo Cmte. Fabrício, quando os dois eram militares e ainda Tenentes exercendo funções na PM de Franca-SP. Os dois eram muito amigos e mais que irmãos, viviam juntos, apesar do Fabrício ter deixado a corporação para administrar a indústria de alumínio do pai. Praticamente todos os finais de semana quando não estamos em algum encontro aviatório costumamos estar com os amigos e familiares em Jaboticabal-SP e assim encontrava sempre com o Capitão Sergio do Corpo de Bombeiros por lá. Ele era casado com uma Jaboticabalense e adotou a cidade como sua terra, onde sempre que possível estava com a família. Companheiro de todas as horas, de todos os momentos, amante de aventuras, educado, humilde, responsável, tinha um carinho especial por todos e todos por ele. Quando o Cmte. Benedetti realizou um pouso forçado em 2.008 no fim da tarde, em um canavial de difícil acesso próximo a Pitangueiras-SP com seu Ultraleve Skyranger e foi dado como desaparecido, o Sérgio foi o coordenador das buscas por terra dirigindo sua caminhonete vermelha particular durante boa parte da noite a procura do Benedetti encabeçando o comboio de carros para resgate formado pelo próprio Fabrício, por mim e a Betty. Tendo sido localizado o Benedetti em um hospital em Sertãozinho-SP para lá dirigimos e o trouxemos para Jaboticabal. No amanhecer do dia seguinte o Sergio Ricardo voou com o Fabrício no seu ultraleve, para localizar a aeronave e executar o resgate da mesma, a qual se encontrava em local de difícil acesso pela existência de um rio que separava o canavial do aeródromo de Jaboticabal-SP (SDJC). O seu arrojado e determinado desempenho, dedicação pelo seu próprio serviço de salvamentos, apesar de estar de férias naquela ocasião, não mediu esforços e não nos abandonou em nenhum momento durante a operação de resgate. Como Tenente trabalhou no Destacamento do Corpo de Bombeiros de Araraquara e com a mudança da patente para Capitão o ano passado, estava trabalhando atualmente na PM de Avaré-SP, mas estava sendo bem cotado para ser o novo comandante do destacamento do Corpo de Bombeiros de Araraquara.
Existem pessoas em nossas vidas que nos deixam felizes pelo simples fato de terem cruzado o nosso caminho. Algumas percorrem ao nosso lado, outras a gente cruza de vez em quando, enquanto outras apenas vemos entre um passo e outro. A todas elas chamamos de amigos. A culpa é da vida que tem começo, meio e fim. No fim apenas uma saudade e a certeza, não importa onde esteja, estará sempre conosco. Afinal aqueles que consideramos nunca morrem, apenas partem antes de nós. Na eternidade será sempre lembrado, pois sua passagem pela terra não foi em vão. Edificou uma família, deixou amigos e boas lembranças que jamais cairão no esquecimento. O fim da Vida é sempre algo muito doloroso, essencialmente para os mais próximos. Mas é ainda mais doloroso quando vem cedo e de um modo quase imprevisto. A Morte é um enigma, é algo sobre a qual não sabemos nada e que se aproxima de nós e nos leva quando muito bem entende.