terça-feira, 8 de junho de 2010

Bamburrado Cmte. Ronaldo Mello.











































Pelo pouco que sei da historia da vida desse corajoso homem, já tenho uma grande consideração por ele. Imagine se eu soubesse mais ainda. O empresário bem sucedido na capital Paulista, Cmte. Ronaldo Mello largou tudo e se embrenhou pela floresta do Pará, constituindo uma grande mineradora e proprietário de inúmeros aviões que ele mesmo pilotava em serviço. Eu fui voar no garimpo no sul do Pará nos anos 80 e ele já estava lá no norte do Pará em suas homéricas aventuras de garimpeiro BAMBURRADO bem sucedido. Pelo contrario, fui para lá BLEFADO e voltei de lá meio BAMBURRADO. O Ronaldo já foi BAMBURRADO e voltou de lá mais BAMBURRADO ainda. Esse grande personagem Ronaldo Mello, teve muito aviões, alguns deles grande como o Sêneca e o Aerocomander e era bastante respeitado na região de Itaituba-PA onde esteve baseado. Para lá pensei em ir voar, abandonando a região de Tucumã-PA, onde estava ganhando dinheiro, mas acabei desistindo da ideia partindo do principio de quem muito quer acaba não tendo nada. Alguns dos meus amigos que me convidaram para ir para lá se deram bem, mas a grande maioria acabou abandonando tudo, de Boroca vazia e voltando para suas origens.
O pouco que tenho devo aos vôos que fiz no garimpo e na aviação agrícola. Quando parti para voar na selva do Pará já tinha uma bagagem suficiente em experiência de voo, pois não fui me aventurar a aprender a voar lá. Se bem que com o tanto de horas de voo que possuía na época me ajudou muito a enfrentar a nova e arriscada operação naquelas pequenas e rudes pistas de 180 a 250 m abertas com machado e picareta, como uma cicatriz na selva em meio a grandes castanheiras que imperavam o cenário. Aprendi ali a ser tolerante e humilde mais ainda, simples, sincero e verdadeiro e amigo de todos, pois ao menor deslize você se tornava pó e voltava à terra onde nasceu. A maioria que ali vivia tinha Pau de Fogo. Cheguei a comprar um, mas nunca tive a coragem de levá-lo para o garimpo. Vi coisas que só a selva viu no convívio com os bravos garimpeiros, que ali viviam em condições subumanas arriscando tudo por um punhado de ouro, tendo abandonado suas famílias, seus lares e enfrentando a onça e a malária. Enlameados cavocando enormes buracos, devastando os Barrancos com as Chupadeiras, revirando o cascalho como quem procura uma agulha em um palheiro. Eu e o Cmte.Ronaldo sobrevivemos vivendo em lugares extremamente diferentes no garimpo e depois de muitos anos, viemos a nos encontrar nessa maravilhosa aviação aerodesportiva, onde tem homologado, experimentais e ultraleves e onde todos é irmão nessa grande família. Fomos privilegiados por Deus, por estarmos aqui de novo com nossos familiares para contar um pouco da nossa historia, pois muitos amigos perdemos naquele cenário de guerra pela sobrevivência e o sustento do sagrado ganha pão. O Dindim abençoado de cada dia. Quem tiver a oportunidade de sentar ao seu lado e conversar com o Cmte. Ronaldo Melo, não deixe de conhecer esse homem verdadeiro e sincero cheio de horas de voo, que voltou a viver em São Paulo-SP como empresário que sempre foi e que gosta de aventuras. Homem cheio de historias para contar.
O importante é VIVER e SABER APROVEITAR SEU TEMPO, pois existe uma grande diferença nas pessoas que apenas vivem por viver na sua rotina, daquelas que vivem intensamente e de verdade. Afinal o tempo perdido nunca mais poderá ser reconquistado e o tempo que passou apenas fica nas nossas lembranças. Quem viveu perigosamente como nós vivemos, poderá certamente um dia dizer, valeu a pena ter vivido.
Deixamos o Pará e o tema que se discute a mais de 20 anos no Congresso Nacional de divisão desse estado em três, permanece adormecido com tantos argumentos levantados, onde dizem que o Pará que nós conhecemos por ser um estado grande e rico em recursos naturais, como minério de bauxita, ferro, ouro e níquel é ingovernável. Alguns mais ousados chegam a dizer que o aumento populacional tem sido descontrolado e o próprio Estado não atende a população distribuída em todo o seu território. Uma política que por si só já começou errada, quando se alicerçou na exploração dos recursos minerais e no povoamento territorial, deixando ao acaso a preservação ambiental. Entre algumas propostas para remediar a situação governamental é discutida pela vontade popular a criação, ao invés de três Estados em dois novos Estados. Sendo o Estado de Carajás, no sudeste, com a capital em Marabá e o Estado de Tapajós no oeste com a capital em Santarém. Enquanto isso vai ficando só no papel acumulado sobre inúmeras mesas no Congresso, nós vamos recordando o nosso tempo voado por lá. Valeu ter te conhecido grande Cmte. Ronaldo Mello.
Dicionário do garimpo: BAMBURRADO - Endinheirado, que teve sorte e ganhou dinheiro, BLEFADO - Sem dinheiro, que não deu sorte e não ganhou nada, ou perdeu tudo que tinha, PAU DE FOGO - Arma de fogo, revólver, DINDIN - Dinheiro, BOROCA - Pequena bolsa, mala de viagem de garimpeiro, CHUPADEIRA- Moto bomba, motor estacionário de alta pressão.

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