quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Cenas que a gente nunca esqueçe...






Eu já havia visto acidente de carro, com vitima fatal e sem vitima, os de avião não havia visto nenhum. Ver um acidente de avião com morte é totalmente diferente, quando somos pilotos ou estamos tentando ser. Aconteceu em Jaboticabal-SP no Distrito de Lusitânia em 1974, quando estava dando os meus primeiros passos na aviação iniciada em 1972, procurando tornar realidade o meu sonho de ser aviador profissional. Estava de passagem por Jaboticabal-SP, onde residiam meus familiares e soube desse trágico acontecimento com um monomotor Citabria Agrícola que estava pulverizando uma lavoura de algodão e terminou em um acidente fatal. Um acidente com morte é totalmente diferente, a cena parece irreal. Você não aceita o que vê, mas é a realidade do trágico acontecimento. Quando cheguei à cena do acidente no meio da lavoura de algodão estremeci. Sorte que o corpo do piloto já havia sido resgatado momentos antes, mesmo sem vida e transportado para o necrotério municipal em Jaboticabal-SP. A aeronave estava enterrada de bico no solo, pois segundo testemunhas que ali ainda estavam, disseram que o avião caiu em um vertiginoso mergulho e que parecia descontrolado. Ver essa cena que ficou marcada para o resto da minha vida e por ter ainda registrado o acontecimento em três fotos que fiz no local naquele momento, é marcante. Estava munido de uma câmara fotográfica da época, chamada de Espião ou Xereta. Era uma pequena e discreta Kodak Instamatic-101 de bolso, que me proporcionou fotografar o fato sem chamar a atenção das autoridades policiais presentes. Nunca divulguei as fotos desse acidente e as guardei comigo na minha vasta coleção de antigas relíquias fotográficas feitas ao longo do tempo. Eu que adoro aviões desde pequeno não quis aceitar o fato da morte tão banal desse piloto. Acabei descobrindo dias depois como havia acontecido o trágico fato, quando encontrei com o proprietário da aeronave e também piloto agrícola de Marília-SP, Cmte. Agricio. Pensei nos familiares desse piloto que ali havia tombado trabalhando e que acabou intoxicado com o veneno que aplicava, perdendo a visão momentânea e se precipitando contra o solo, após bater em uma antena de TV existente sobre uma das casas da fazenda. Cena que faz a gente refletir mesmo. A aeronave era novinha, ano 1973. Nunca mais consegui esquecer esse tragico episodio que presenciei naquele ido ano de 1974.
Isso foi muito triste. Fiquei chocado e cheguei em pensar em desistir de voar e nunca ter um avião na minha vida, mas superei esse medo e acabei tornando um aviador. Durante a minha carreira, inclusive como Piloto Agrícola acabei trabalhando profissionalmente pulverizando lavouras por 10 anos. Tive dezenas de aviões e tenho um hoje. Todos me deram muito prazer. O perigo está em todos os lugares, assim aprendemos com nossos pais, desde pequenos e a vida nos mostra coisas que nem imaginamos.
Minha mãe e meu pai comentavam de um acidente que aconteceu no Campo de Aviação em Jaboticabal-SP com um piloto se não me engano de nome Marino que acabou queimado junto com a aeronave, da qual saiu ilesa uma mulher, sua acompanhante. Temiam pela minha vocação, mas eu era muito pequeno na época e não soube de nada a não ser o comentário apreensivo deles. Quando cresci e comecei a frequentar o Aéro Clube local me contaram também desse trágico acidente que os meus velhos falavam. Não senti medo nem pavor, por que não presenciei o acontecimento, porém esse trágico acidente do Citabria Agrícola que presenciei me deixou abalado, pois cheguei com outro amigo no local , logo após a retirada do corpo onde o cenário era muito triste.

Nenhum comentário:

Postar um comentário